A globalização derrubou a barreira da distância física entre empresas e consumidores. Um morador do Rio de Janeiro pode comprar um acessório de celular na China, assim como uma artesã no Ceará pode vender sua arte para um colecionador em Veneza. O comércio eletrônico superou as fronteiras.
Porém, como tudo na vida, a globalização tem seu lado bom e seu lado ruim. Hoje, o vendedor de assessórios para celulares não concorre somente com a loja do outro lado da rua, e sim com comerciantes de várias partes do planeta. Por outro lado, a artesã cearense pode alcançar milhões de consumidores, aumentando consideravelmente sua renda e gerando arrecadação para sua cidade.
A logística deixou de ser um obstáculo
As exportações via e-commerce, também conhecidas como E-commerce Cross Borders, estão sendo profundamente estudadas e discutidas nos países desenvolvidos. Estima-se que seu impacto até 2030 afetará 25% das transações comerciais B2C. Nos Estados Unidos, mais de 70% das lojas virtuais vendem para consumidores de outros países. Empresas como Amazon e E-bay possuem mais clientes estrangeiros do que clientes locais.
A receita dessas companhias não se restringe à venda de bens de consumo duráveis, mas também inclui conteúdos digitais como filmes, música, livros, games e softwares – produtos que não dependem de logística para cruzar fronteiras.
Exportações movimentam trilhões de dólares
Na China, o faturamento com a venda de produtos para outros países, por meio do e-commerce B2C, ultrapassou a casa de um trilhão de dólares em 2016. Sites como Deal Xtreme e Alibaba e AliExpress, fidelizaram milhões de clientes nos últimos anos.
Segundo a ABComm, no Brasil são gastos mais de R$ 6 bilhões por ano em compras de sites estrangeiros, mas a competitividade do país é baixa em termos de produtividade e capacidade logística. As lojas virtuais brasileiras ainda não se adequaram completamente à globalização. Isso acontece, em parte, porque o mercado doméstico ainda se concentra nas oportunidades locais e velhos problemas como os altos custos operacionais e impostos inviabilizam as exportações.
Além disso, o Brasil não tem uma indústria de bens de consumo competitiva. Um celular produzido na Zona Franca de Manaus não tem preços e tecnologias atraentes para um chinês, por exemplo. É necessária uma profunda reflexão sobre como o mercado local pode se tornar mais competitivo frente à entrada de novos players no e-commerce.
Menos impostos, mais incentivos
A saída não é criar barreiras alfandegárias que bloqueiam a entrada de produtos estrangeiros. Os governos federais, estaduais e municipais devem estabelecer competitividade para que as empresas nacionais sejam desoneradas e incentivadas a vender para outros mercados, através do e-commerce. Há casos de sucesso que dão boas pistas de por onde começar.
A artesã agradece.