A realidade para inovação que muitos se negam a ver

Aos gritos de “Thais”, uma mãe se agarrava à filha enquanto se desesperava ao usar óculos de realidade virtual em um shopping. O vídeo já é bem conhecido no YouTube e mostra a cena da mãe e sua filha experimentando a realidade virtual de uma montanha russa. É visível o desespero da mãe, realmente acreditando que está imersa naquela realidade. Eu não a culpo, na última vez que passei pela mesma experiência, tive até um pouco de náusea depois do experimento.

A mãe da Thais poderia tirar os óculos e se livrar daquele sofrimento a qualquer momento. Isso mostra como é fácil ter nossos sentidos enganados e acreditar estar vivendo em uma realidade que não é verdadeira. Observando o mundo corporativo, e principalmente o universo de tecnologia, é fácil também perder a noção do que pode estar acontecendo ao nosso redor, sem percebermos. Após vários anos de sucesso e crescimento, a rotina dentro de uma empresa acaba se tornando a única realidade concebível, até as margens começarem a diminuir e alguns perigos baterem à porta. Talvez seja a hora de tirar os óculos e ver o que está acontecendo lá fora.

Já temos evidências suficientes para saber que a quarta revolução industrial está em curso. A internet das coisas já gera quantidades massivas de dados, que propriamente aplicadas serão capazes de mudar atitudes e transformar a natureza dos negócios. Um dos resultados disso tudo é a mudança na maneira como nos relacionamos com outras pessoas, cada vez mais por meio de apps e redes sociais. Embora, no início, toda revolução industrial esteja disponível apenas para um pequeno grupo de indivíduos, esse descompasso é diminuído com o passar do tempo. Foi assim com o vapor, com a energia elétrica, com os transportes, com as telecomunicações e com a internet, que está agora, prestes a alcançar 5 bilhões de usuários. É muito mais do que qualquer tecnologia já conquistou.

Com tudo isso acontecendo, as empresas devem refletir sobre a continuidade dos seus negócios. A reflexão deve passar por perguntas como a transformação digital afeta a forma como minha empresa realiza negócios? Há tecnologias disruptivas em curso que podem afetar minha margem e a sobrevivência do meu negócio? Há tempo de reagir? Estou tecnologicamente preparado para enfrentar os desafios futuros? Como tornar a inovação uma constante em minha empresa?

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Casos como o da Blockbuster, Kodak, Uber e Netflix são exemplos de como a evolução da tecnologia pode destruir impérios ou construir novos padrões de comportamento e consumo nunca antes imaginados. A liderança das empresas que ficaram para trás provavelmente não procuraram inovar em seus campos de atuação. Podemos achar que essa realidade não se aplica à nossa empresa, mas quando modelos de negócios centenários, como o dos taxis, estão tendo problemas com a inovação, podemos ficar, no mínimo, desconfiados de que a qualquer momento pode surgir uma forma mais barata e mais eficiente de atender às necessidades dos nossos clientes. Portanto, a grande questão é: porque eu mesmo não tento descobrir esse novo modelo? Ter sabedoria para perceber isso é o santo graal do mundo corporativo. Inovar é preciso, porém nem todos entenderam isso.

Qual é a postura comum quando recebemos o desafio de realizar um projeto nunca feito antes? Encaramos o problema e tentamos achar soluções ou devolvemos para o demandante com mais questões apelando para a burocracia da empresa? A postura para encarar desafios é a peça chave para inovar. Para que a mudança na cultura organizacional aconteça, as empresas podem adotar metodologias como Design Thinking e o método Agile, ou contratar uma consultoria especializada para analisar o mercado ou tecnologias para fazerem parte das rodadas de planejamento estratégico. No entanto, nenhuma ferramenta é mais eficaz do que o comprometimento da liderança da empresa.

É ponto pacífico entre as consultorias especializadas que a liderança da empresa tem papel primordial em incentivar a cultura de inovação. Talvez uma das dificuldades da liderança nesse sentido seja o gap entre a geração dos CEOs e a maior parte do público consumidor de tecnologia, afinal, grande parte dele já nasceu digital. Se o líder não possuir um espírito inovador genuíno e se recusar a ver a nova realidade, isso não será passado aos demais membros. Como diz Talmude: “Não vemos as coisas como elas são, vemos as coisas como nós somos.” Por isso é tão difícil trabalhar com inovação quando a equipe está exclusivamente focada no resultado de vendas do próximo trimestre.

Para atuar na nova realidade, as empresas não devem simplesmente abandonar a sua principal fonte de receita de uma hora para outra. É necessário elaborar um plano de transição. A inovação começa como um movimento paralelo, até que o novo cresça, tome forma e se torne a nova realidade da empresa.

Se isso não for feito, todos continuaremos vivendo em uma realidade cada vez mais fadada a margens menores, extrema concorrência e perigo de insolvência. É hora de ter coragem e preparar-se para tirar os óculos da realidade falsa, respirar e encarar a realidade do mundo real, cheio de possibilidades, margens melhores e oportunidades ainda inexploradas.

Érico Barcelos
http://www.br.promonlogicalis.com/
Érico Barcelos é Arquiteto de Soluções de IoT Smart Cities da PromonLogicalis.
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