Com um crescimento constante em torno de 13,8%, os varejistas puramente digitais que atuam no comércio eletrônico irão aumentar sua participação no mercado nos próximos anos, aponta o estudo DISRUPTION AND INNOVATION IN LATIN AMERICAN RETAIL DISTRIBUTION, coordenado pelo Center for Digital Business Transformation do gA, em parceria com o professor Raul Katz, diretor de Business Strategy Research na Universidade Columbia, nos Estados Unidos.
Mas o crescimento será limitado pela crescente entrada de gigantes multinacionais do e-commerce na região. Ao mesmo tempo, grandes operadores de cadeias de varejo, em reação, irão diversificar seus canais de e-commerce que já respondem por grande volume e o maior ano de vendas, com crescimento anual acima de 18%.
Finalmente, a mudança mais importante, que ameaça provocar reviravoltas no setor, é a propagação da segunda onda de transformação digital. Após a expansão do comércio eletrônico, grandes varejistas enfrentam os desafios de se adaptarem às novas tecnologias disruptivas (robótica, inteligência artificial, análise de dados combinada com técnicas de Big Data, sistemas de rastreamento de clientes dentro e fora das lojas e mineração de dados). A transformação digital significa, portanto, disrupção ou a adoção de novas tecnologias avançadas que geram mudança drástica na cadeia de valor.
“Os varejistas que já nasceram digitais vão crescer por deterem maior conhecimento, maturidades e preparo”, acrescenta Fernando Gambôa, diretor do gA. “O varejo físico tenta retomar protagonismo com a combinação de tecnologias digitais para alavancar vendas. Por exemplo, no Brasil, as lojas físicas ainda respondem por pelo menos 95% das compras. E devem reforçar competitividade com adoção de estratégias de Omnichannel ou convergência de canais.Como ter lojas com showroom, cliente escolhe o que agrada e retira onde quiser.O setor será beneficiado ainda com a a redução de alguns gargalos , como a melhoria na infraestrutura para entregas , crescimento do smartphone como meio de conveniência para pesquisar preços e fazer compras e expansão do crédito pelos bancos, acrescenta Gambôa.
O estudo mostra que 41% dos consumidores pesquisam os preços pelo celular ou notebook antes de entrarem em uma loja. Mostra ainda que todos os canais de compra coexistem na América Latina antes da segunda onda, o novo modelo digital não mata o varejo físico ainda predominantemente familiar. Nos Estados Unidos, cerca de 4 mil lojas das grandes cadeias tradicionais fecharam as portas em 2017 devido a competição agressiva, custos excessivos e canibalismo entre canais, enquanto no Brasil, que vem passando por uma lenta e díficl recuperação econômica, mais de 15 mil encerraram as atividades, incluindo neste número além das lojas de cadeias tradicionais de varejo os micro empreendedores, que em muitos casos foram procurar no varejo uma alternativa para a falta de emprego.
Houve um crescimento exponencial do comércio eletrônico na América Latina entre 2004 e 2016, multiplicando-se em seis vezes de tamanho. No Brasil ainda representa apenas 5% das vendas, contra 20% na Coreia, por exemplo. E isso é uma excelente noticia para o mercado brasileiro, uma vez que existe ainda um longo caminho a ser percorrido com um espaço muito grande para crescer.
O estudo detecta ainda que já existe uma nova dinâmica empresarial com o surgimento de empresas só de comércio eletrônico na América Latina, que já respondem por 50% dos aproximadamente U$ 25 bilhões movimentados na região nesta modalidade de comércio. Em resposta, as lojas físicas iniciam modernização e a vinda de varejistas globais provoca ainda mais fragmentação de serviços novos na região. Como empresas especializadas na entrega de produtos nos hotéis onde turistas estão hospedados no exterior, ou empresas especializadas em utilizar disponibilidade de compra de viajantes para trazer encomendas ao Brasil.
