O número de inadimplentes no Brasil chegou ao seu ápice. A quantidade de pessoas que deixaram de pagar suas contas nunca foi tão alta no país: de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) 63,4 milhões de brasileiros estavam devendo em julho. O aumento é de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. O jornal O Estado de São Paulo comparou o número com a população da Itália.
O aumento da inadimplência é reflexo principalmente da falta de trabalho. Com cerca de 27 milhões de desempregados, segundo o IBGE, o poder de compra da população brasileira diminuiu — mas as contas não. Se para o devedor estar com o nome sujo é ruim e tira o sono, do outro lado do balcão, para os lojistas, a situação é igualmente alarmante.
Com custos fixos como folha de pagamento, estoque de produtos e, muitas vezes, aluguel, os lojistas e prestadores de serviço são prejudicados pela falta de pagamento chegando em alguns casos a fecharem as portas. A situação é semelhante no setor público. Sem dinheiro no bolso, o cidadão adia o pagamento de tributos como IPTU e IPVA. Na outra ponta, as empresas, contribuintes diretas do ICMS, têm dificuldades de cumprir suas obrigações fiscais. Mas algumas tecnologias podem ajudar a mudar esse cenário, contribuindo para a prevenção da inadimplência e para o controle e o acompanhamento dos tributos pagos.
Tecnologia a favor do nome limpo
A tecnologia pode ser uma aliada para prevenir a inadimplência. Aplicativos como o Asaas, oferecem ajuda aos micro e pequenos empreendedores — principais afetados pela falta de pagamento. A plataforma faz a gestão de cobrança, otimizando o tempo do empreendedor e tornando o processo mais efetivo: o aplicativo ajudou a diminuir 55% da inadimplência dos dos usuários. “Trabalhamos para melhorar o relacionamento entre fornecedores e clientes. Por meio de uma plataforma de comunicação multicanal, tornamos todas as cobranças entre eles algo simples e profissional, atendendo negócios, formais ou não, que anteriormente não teriam condições de adquirir esse tipo de tecnologia”, aponta Piero Contezini, CEO da Asaas.
Um apoio para a cobrança de tributos
A tecnologia tem sido o caminho para a transformação das realidades, inclusive na gestão pública. O InnovaCity é mais um passo nesse sentido. A ferramenta que une soluções para facilitar a fiscalização de processos de gestão municipal e de obras, trânsito e tributos. Desenvolvido pela Softplan, uma das principais empresas de software do país, o InnovaCity usa novas tecnologias, como a inteligência artificial, para ajudar as prefeituras e os gestores públicos a reduzir as despesas, otimizar processos e tornar a gestão das cidades mais inteligente. No quesito de tributos, a solução utiliza a tecnologia de inteligência artificial para a análise de dados, o que aumenta a eficácia do processo de fiscalização e diminui as despesas, facilitando o controle e a constatação de irregularidades. Na prática, as soluções integrantes do InnovaCity ajudam a combater irregularidades em diversas etapas da gestão municipal e auxiliam para que o contribuinte acompanhe as informações e os processos relacionados à prefeitura, tornando as cidades mais inteligentes e conectadas. O InnovaCity já vem sendo implantado pela Prefeitura de Palhoça, na Grande Florianópolis.
Apoio na gestão
A tecnologia também ajudou a cidade de Gravataí, ao norte de Porto Alegre, a reduzir a inadimplência. A queda no índice foi de 30%, em 2015, para 24%, em 2018. A maior redução de inadimplência foi no Imposto sobre Serviços (ISS) – de 27,4% para 15,5%. A prefeitura utiliza o sistema Atende.Net, desenvolvido pela IPM, de Florianópolis. A ferramenta tem uma série de aplicações,entre elas o módulo de gestão fiscal. Ele permite fazer aferição, cruzamento de dados e lançamentos tributários baseados em um cadastro geral de contribuintes revisado e informações de dívida ativa atualizada e auditada em tempo real. “É essa gestão das informações que nos permitiu inscrever os débitos em cartórios de protestos e no Serviço de Proteção ao Crédito. O cerceamento ao crédito funciona de forma coercitiva, dando resolutividade à ação do fisco municipal em cobrar os valores indicados pela plataforma”, explica Davi Keller Severgnini, secretário da Fazenda de Gravataí. Para o empresário Aldo Mees, presidente da IPM, empresa que atua há mais de 20 anos no desenvolvimento de softwares destinados à gestão pública, o papel da tecnologia é agilizar os processos como a cobrança de débitos fiscais, a partir da gestão eficiente dos dados.