Preciso mudar de plataforma, e agora?

| 03/12/2012 - 10:51 AM | Comentários (1)

Um momento crítico para os varejistas que têm suas atividades no comércio eletrônico é quando identificam que sua plataforma não suporta mais o volume de atividades e vendas. Alguns acertam desde o início ao escolher uma plataforma que acompanhe o crescimento dos negócios, mas, há também, aqueles, sobretudo os iniciantes, que optam por soluções de baixo custo, porém não apropriadas para acompanhar o sucesso do negócio na internet.

Rogério Pellegrino, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Bring E-Commerce, explica que em um processo de migração existem vários fatores a considerar, ainda que as empresas que estejam migrando de plataforma já tenham uma maturidade razoável em relação às suas necessidades. Segundo o executivo, além de focar nos recursos de uma nova plataforma, é fundamental estar atento aos fatores externos associados à mesma, como por exemplo, o custo de manutenção. “É importante saber qual será o custo da hora de desenvolvimento para melhorias futuras e também ter em contrato o tempo de resposta para a solução de problemas. Se você vai hospedar sua loja com a empresa, verifique se existe uma cláusula de 99,99% de disponibilidade on-line. E, não esqueça: verifique o que acontece se a empresa não cumprir estas cláusulas”, orienta Pellegrino, em entrevista ao E-Commerce News.

Caso o lojista opte por uma plataforma proprietária, – aquela em que apenas esta empresa pode comercializá-la e é a única que tem condições e conhecimento para a manutenção -, a análise de custos futuros é ainda mais importante, acrescenta. “Como não existe concorrência, em geral estas empresas cobram absurdos para customizações e melhorias caso você necessite no futuro. Além disso, a grande maioria delas cobram um valor muito alto para fazer uma simples exportação dos seus dados”, atenta.

Soluções open-source como o Magento, osCommerce, OpenCart e outros podem ser escolhas interessantes. De acordo com o executivo, a vantagem é que não existe a necessidade de treinar funcionários e tudo o que a empresa já utiliza continuará sendo compatível. “Como não são proprietárias, caso você tenha dificuldades com o seu fornecedor, fica muito fácil migrar, pois, existem diversas empresas no mercado que utilizam exatamente a mesma plataforma como base. O custo de migração também reduz muito já que o sistema é o mesmo, tornando o tempo de migração, significativamente menor. É como comprar um carro. Temos que saber quanto consome, quanto vai nos custar para mantê-lo e se será fácil de vendê-lo no futuro”, justifica.

Para Eduardo Arsani, Gerente de Projeto de E-Commerce da Bull Marketing, atendimento e questões técnicas devem ser analisados como prioridades no momento da migração. “No que tange ao atendimento, o lojista deve atentar se, ao mudar de plataforma, ele terá um suporte melhor ou maior, se irá ajudá-lo somente na plataforma ou se no contexto de e-commerce geral”, explica o especialista, com exclusividade ao E-Commerce News.

Sobre as limitações técnicas, Arsani ressalta que a empresa precisa avaliar o que tem a ganhar com a mudança de plataforma. “Geralmente o lojista tem um salto de ganho quando vai para uma plataforma não proprietária, onde ele passa ter controle de praticamente tudo, e pode optar em conjunto com o parceiro desenvolvedor, algumas prioridades. No meu entender, não é possível passar uma relação de coisas que uma loja precisa ter, haja vista que cada loja está em uma fase, e essas fases precisam ser respeitadas”, argumenta.

Tanto para os iniciantes, quanto para os varejistas há mais tempo no mercado, o ideal é sempre escolher uma plataforma que tenha capacidade para acompanhar o crescimento dos negócios, pois, ao contrário, o lojista pode ter seu negócio prejudicado, evidencia Vinicius Pessin, CEO da e-smart, em entrevista ao E-Commerce News. “Quando isso ocorre, os proprietários de e-commerce, por vezes, acabam travando o crescimento de seu empreendimento, porque ficam divididos entre os problemas com seu atual provedor e o medo do desconhecido, de enfrentar uma migração para uma nova plataforma”, observa.

No entanto, o executivo entende que nenhuma mudança é fácil, mas, assegura que um processo bem feito minimiza os riscos de impactos na operação e, sobretudo, na perda de vendas. Para tanto, Vinicius Pessin, da e-smart, finaliza com algumas dicas. “Estas orientações não são sobre qual plataforma de comércio eletrônico o varejista deve escolher, mas sobre os passos a seguir ao preparar a mudança para uma nova plataforma”, reforça.

1. Seu endereço www. - Se o seu movimento envolve um novo host, certifique-se que seu registro de domínio está em ordem. É comum o lojista descobrir, na migração, que não possui a senha de gestão do domínio e algumas vezes sequer são proprietários do endereço, que foi registrado por um terceiro – consultor, desenvolvedor ou provedor -. Sem o “poder” sob o domínio e, consequentemente, sem a gestão do DNS torna-se impossível a realização da migração.

2. Impacto sobre os processos atuais – O crescimento de seu negócio normalmente requer simplificação e automatização de processos. Entenda como a sua nova plataforma será integrada com seus sistemas de logística, ERP e gateway de pagamento. Além disso, liste os relatórios que você já possui e quais novos dados você deseja ter acesso com a nova plataforma. O pior cenário é numa migração você perder o que já tinha.

3. Certificados de Segurança – Se você tiver um certificado SSL – Secured Socket Layer – associado com o seu site atual, você terá que movê-lo para o novo servidor. Mover o seu certificado não é difícil, mas requer algum know-how técnico. Nem todos os certificados são compatíveis com todos os softwares de servidor web. Portanto, verifique se o seu certificado atual vai funcionar antes de fazer migração.

4. Migração de dados – Questione seu novo provedor como ele fará, – e se fará -, a migração dos dados da sua loja virtual. Idealmente, você deveria exportar seus produtos, lista de clientes e pedidos.

5. SEO – Se a sua loja virtual atual tem um bom trabalho de SEO, tenha muito cuidado no caso da nova plataforma gerar URLs diferentes da atual. Antes de fazer qualquer movimento, estude os títulos de páginas e URLs da nova plataforma. Tenha certeza que você será capaz de ajustar os títulos de páginas e URLs para que eles fiquem idênticos a sua loja atual. A melhor opção é instalar redirecionamentos permanentes de URLs antigas para as novas.

6. e-mails – Certifique-se que todos os e-mails e formulários estarão funcionando para a troca de sistema. Reveja todas as contas que sua empresa utiliza. Às vezes, os gestores de e-commerce perdem o controle de sua lista de endereços de e-mail e não conseguem configurá-los corretamente no novo ambiente.

7. TTL (time-to-live) – Este é o passo crucial para fazer uma transição da loja virtual acontecer rapidamente. Pelo menos 48 horas antes de mover a sua loja para a nova plataforma você deve acessar a conta de gerenciamento do servidor em seu provedor e atualizar os registros de DNS para que o time-to-live (TTL) seja reduzido o máximo possível. Este é um assunto bastante técnico, mas, garantirá que, quando você virar a chave para a nova plataforma, seus visitantes não correrão o risco de ver a loja antiga.

8. Teste antes tudo antes de virar a chave – Antes de fazer a migração para a nova plataforma, coloque alguns pedidos de teste e confirme que a nova loja virtual está conectada a todo o ecossistema do e-commerce – gateway de pagamento, logística, antifraude e ERP -. Assim você evita que clientes reais descubram bugs na sua loja.

9. Agendar a transferência para madrugada – A virada de chave deve ser feita no horário em que a loja virtual tem menos pedidos, geralmente na madrugada. Com o ajuste do TTL a mudança deve acontecer quase que instantaneamente e você pode fazer seus pedidos de teste e verificar se todos os links estão funcionando corretamente.

10. Mantenha a plataforma antiga para casos de imprevistos – Ainda que você tome todos esses cuidados, algum imprevisto pode sempre acontecer. Por isso, é recomendável manter a plataforma antiga no caso de necessidade de um rollback. Com o ajuste do TTL, você poderá alterar o DNS e voltar para a plataforma antiga de forma rápida em caso de surpresa no processo de migração.

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Categoria: Pesquisas

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Comentário (1)

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  1. Marcos Silva disse:

    Essa matéria não é completa e pode levar o consumidor a uma visão totalmente míope sobre o mercado de plataformas.

    “Geralmente o lojista tem um salto de ganho quando vai para uma plataforma não proprietária, onde ele passa ter controle de praticamente tudo…”.
    O que você chama de controle de tudo?

    “Como não são proprietárias, caso você tenha dificuldades com o seu fornecedor, fica muito fácil migrar, pois, existem diversas empresas no mercado que utilizam exatamente a mesma plataforma como base. O custo de migração também reduz muito já que o sistema é o mesmo” Se a plataforma não dá dando certo, o consumidor vai migrar para a mesma plataforma?

    Ao migrar para uma outra plataforma, a empresa tem que ter um planejamento estratégico e definir se ela vai investir em profissionais de desenvolvimento , webdesigner, analistas de sistemas, arquitetos de software e outros, pois é isso que ele vai precisar se quiser uma solução para ser administrada dentro de casa.

    Essa matéria foi infeliz ao não abordar os investimentos necessários que requer cada opção.

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