Presidente do NIC.br não acredita no sucesso de domínios genéricos
A liberação de domínios que abandonam os tradicionais “.com”, “.net” e “.org”, conhecidos como Generic Top Level Domains (gTLD), terão sucesso limitado no mercado quando a Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) abrir inscrições, segundo o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (NIC.br), Demi Getschko.
Um dos “pais” da internet comercial no Brasil, Getschko usa como parâmetro para sua opinião o relativo insucesso que outros gTLDs experimentaram quando foram oficializados pela ICANN, como é o caso de “.asia”, “.biz” ou “.travel”. Se um domínio teoricamente bom, como “.travel”, não se popularizou tanto frente ao “.com”, Demi questiona, por que os novos experimentariam caminhos diferentes?
O engenheiro cita como exemplo incomum de gTLD de sucesso o “.cat”, destinado especificamente para sites voltados à comunidade catalã na Espanha. Os novos gTLDs permitirão que empresas criem e gerenciem domínios que usem termos genéricos como sufixos, como “.nomedaempresa”.
Programado para começar a ser negociado em março de 2010, o novo domínio foi prorrogado para que a ICANN discutisse questões relativas ao registro de marcas.
“Não vejo porque (o novo gTLD) daria mais certo do que deu os que temos em mão hoje. A não ser que haja uma grande divulgação e campanha de marketing por trás”, afirma Demi. Segundo ele, o novo tipo de domínio “está sendo pintado” como algo que é novo, mas que na realidade não é. “É a continuação do processo. Quanto mais (domínios diferentes) você cria, mais gera confusão para o público. O pessoal já está bem acostumado com o que tem atualmente. A chance de se mudar para outras coisas é menor”, analisa.
Além de exemplos anteriores, Demi explica seu ceticismo quanto ao sucesso dos novos gTLDs pela falta de um modelo de negócio claro. “Não acho que (este modelo) vai conseguir se sustentar. Se não houver 10 mil registrantes, nem viável economicamente é”, afirma, se referindo à necessidade dos interessados pagarem 185 mil dólares para registrar termos, além de taxa anual de 25 mil dólares.
O preço exigiria que empresas que contrataram novos gTLDs vendessem um número alto de novos registros para ter o mínimo de lucratividade frente ao investimento. Além das taxas à ICANN, empresas ainda teriam que desembolsar dinheiro com infraestrutura para que pudessem gerenciar os domínios.
A questão ainda pode se agravar caso a ICANN tome decisões quanto ao processo de disputa por um termo específico. “Como vai decidir quem vai registrar o ‘.news’, por exemplo? Vão se descobrir que 89 querem e a ICANN pode fazer um leilão. Provavelmente, não vai adiantar ter 185 mil dólares, vai ter que ter um milhão e meio de dólares”, afirma, em exemplo
O adiamento para discussão sobre problemas envolvendo registro de marca significa, nos cálculos de Demi, que os novos gTLDs não deverão estar funcionando, pelo menos, até o começo de 2011.
Antes do seu lançamento, a ICANN ainda colocará no ar durante o primeiro semestre de 2010 os domínios que usam caracteres não latinos e implementará o DNS SEC, novo protocolo que transforma URLs em IPs mais seguros que a atual versão.
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