Você quer comprar o mundo?
A fabricante de brinquedos Hasbro e o Google se unem para promover o novo modelo do Banco Imobiliário, que apresenta a primeira mudança nas regras desde a Grande Depressão
Tabuleiro global: no lugar de cartas, ruas reais; em vez de cinco oponentes, milhões. Tudo para chamar a atenção para a nova edição em formato tradicionalUma parceria entre a fabricante de brinquedos Hasbro e o Google permite que qualquer um, inclusive o leitor desta página, possa comprar imóveis, ruas e avenidas de todos os cantos do planeta. Inspirado no Monopoly, conhecido no brasil como banco imobiliário, foi ao ar no início de setembro um jogo online que permite a usuários competir entre si, comprando endereços reais. Para tornar a brincadeira mais divertida – e próxima do mundo verdadeiro -, os participantes utilizam como plataforma os mapas do Google maps. Na prática, o jogo online não passa de uma partida mundial de Monopoly, cujo fim está marcado para janeiro do ano que vem. Seu objetivo é promover a nova versão em tabuleiro, do Monopoly City. Pela primeira vez desde 1935, a Hasbro alterou as regras do jogo, um dos mais vendidos da história.Segundo a fabricante, em 74 anos foram comercializados 275 milhões de unidades do Monopoly, nos 106 países em que está presente. No total, mais de um bilhão de pessoas já jogaram Monopoly.
De cara nova: de cara nova: a última versão do Monopoly, que permite construir hotéis e casas no centro do tabuleiro |
A estratégia que cerca o novo Monopoly é simples: manter aceso o interesse dos consumidores pelo jogo de tabuleiro. “Decidimos atualizar o jogo para cativar novos usuários”, disse à DINHEIRO Jane Ritson-Parsons, diretora mundial da marca Monopoly na Hasbro. “Eles próprios nos ajudam a fazer isso, opinando e dando sugestões.” Entre as modificações, estão a possibilidade de construir edifícios no centro do tabuleiro e a de lançar mão de meios para sabotar os concorrentes. Ou seja, o jogo está cada vez mais próximo da realidade dos negócios. Agora é possível construir um lixão no terreno de seu adversário para derrubar o preço da propriedade, opção que não existia até então. As regras simples e diretas, que estimulam a competição e as habilidades de negociação, foram as maiores responsáveis pelo sucesso do Monopoly e por isso foram mantidas por tanto tempo.
“O jogo funciona como um aprendizado”, diz Walter Strub, gerente-geral do Sofitel Ibirapuera e fã do jogo. “Em muitos aspectos, ele é bem semelhante à realidade, inclusive no mercado imobiliário brasileiro. No meu setor, a briga por terrenos para hotéis e terrenos é tão intensa quando no jogo.” A influência do Monopoly na vida das pessoas vai mais longe. Num certo sentido, ele funciona como o primeiro contato das crianças com o mundo dos negócios, experiência que elas carregam para a vida adulta. “Sempre joguei, desde pequena”, afirma Ana Luiza Oliveira, gerente de marketing da empresa de ti intermec, outra fã do Monopoly. “Se o jogo não me ajudou na escolha da carreira, certamente influenciou a escolha de meus investimentos. Minha carteira é quase inteira composta por imóveis.” A Hasbro não espera ter problemas com as alterações promovidas nas regras. “O Monopoly City é apenas mais uma adição ao nosso portfólio. O modelo clássico continua existindo”, diz Jane. “Além disso, temos uma base de clientes muito ampla, que nos permite apresentar esse tipo de modificações sem receio.” Segundo a diretora da Hasbro, o novo formato busca conquistar jogadores de 8 a 12 anos.
Há uma grande semelhança entre o novo Banco Imobiliário e a versão original do jogo.Curiosamente, ambos foram lançados no embalo de grandes crises financeiras globais (a Grande Depressão dos anos 1930 e a atual). A primeira, inclusive, quase inviabiliza a existência do jogo. Seu conceito, apresentado pelo inventor Charles Darrow à fabricante de brinquedos Parker Brothers, foi inicialmente rejeitado. Na época, os analistas da companhia apresentaram 59 razões para não lançar o produto, especialmente em tempos de carestia econômica. Teimoso, Darrow usou suas economias para fabricar cinco mil unidades e vendê-las por conta própria. O produto foi um sucesso e, em menos de um ano, a Parker Brothers (hoje parte da Hasbro) comprou a ideia. “O Monopoly é um jogo para famílias e por isso faz tanto sucesso desde que foi lançado. Apesar das crises, ele não é azarado. Foi apenas uma coincidência”, diz a diretora da Hasbro, rindo.
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