Amazon terá que recuar no mercado de e-books
Na guerra que começa a ser travada no mundo dos livros eletrônicos, a Amazon começa a ter noção do tamanho da ameaça que a Apple representa para suas vendas de e-books. Isso porque no último domingo (16/05), a empresa reconheceu que em última instância “terá de capitular e aceitar as condições da [editora] Macmillan, que detém um monopólio sobre seus próprios livros”.
Expliquemos o contexto do anúncio: a Macmillan, uma das maiores editoras do mundo, anunciou recentemente que adotará o iPad, rival direto do Kindle – e-reader da Amazon – como plataforma para a venda da versão eletrônica de seus livros. Outras quatro editoras também divulgaram recentemente que comercializarão suas “e-obras” no iBook Store, a loja online da Apple para esse tipo de produto.
Segundo o Wall Street Journal, essa debandada para os lados da companhia de Steve Jobs pode forçar a Amazon a oferecer às editoras condições, de vendas com vantagens similares ao que a Apple oferece. Isso porque a Amazon forjara anteriormente um belo acordo com as editoras, ao cobrar US$ 9,99 pelos títulos best-seller (de maior vendagem). O modelo da Apple, no entanto, permite que as próprias editoras estabeleçam o preço. Logo, elas desconfiam que a Amazon cobre quase US$ 10 pelos livros porque ela quer que o público imagine que as obras não possam valer mais do que isso, o que destruiria seu modelo de negócios principalmente no impresso.
Agora, a Amazon se vê diante da perspectiva de que as editoras exijam as mesmas condições que elas negociaram com a Apple, que lhes oferece fixar os preços e ficar com 70% do valor das vendas. Para piorar o cenário, Jeff Bezos e cia. ainda terão de enfrentar em um futuro próximo a concorrência do igualmente poderoso Google, que planeja lançar sua própria loja online, o Google Editions.
“Não se trata única e exclusivamente da Macmillan, mas sim da luta que será travada entre Amazon e Apple”, afirmou Dominique Raccah, editora da Sourcebooks Inc. “Atpe esse momento, a Amazon teve um poder de decisão significativo sobre o futuro de toda a indústria do livro. Agora, temos o surgimento de outros e-readers e o mais importante é o iPad”.
“As conversações apenas começaram”, indicou Brian Murray, presidente executivo da Harper Collins, editora pertencente à News Corp., que também é dona do The Wall Street Jounal.