Na esteira da crise, serviços de hospedagem crescem por conta de movimento empreendedor

Em razão da desaceleração do mercado formal de trabalho, muitos profissionais estão vendo no ambiente digital uma oportunidade de empreender. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Infraestrutura e Hospedagem na Internet, entidade que representa o setor, a receita do segmento irá superar os R$ 1,2 bilhão até o final do ano, representando um crescimento da ordem de 7,5% na comparação com o ano passado.

Os principais players no serviço de hospedagem no País já sentem esses efeitos nos seus negócios. “Crescemos de forma consistente”, afirma Raquel Dallasti, gerente de Marketing de Produtos da Locaweb. “Em 2015, com a reformulação dos planos de hospedagem, conseguimos incrementar a venda de novos serviços em cerca de 30%. Com isso, a nossa base ativa cresceu 5% em relação a 2014”, complementa.

A executiva da Locaweb atribui esse crescimento ao atual cenário macroeconômico do País. “Tem relação com um movimento de empreendedorismo digital incentivado pelo período de crise”, afirma Raquel. “Seja pelo fato de haver mais gente desempregada ou porque, no geral, empreender no mundo virtual é muito mais barato do que empreender com um ponto comercial físico”.

De acordo com o último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,2% no trimestre encerrado em maio, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).  Em igual período do ano passado, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,1%.

Por outro lado, a mais recente pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizada em 2015 e patrocinada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), mostrou que no ano passado a taxa de empreendedorismo no país foi de 39,3%, o maior índice dos últimos 14 anos, e quase o dobro do registrado em 2002, quando era de 20,9%.

Raquel afirma que muitos dos que querem empreender na internet buscam informações sobre criação de sites. “O que percebemos é uma tendência crescente pela busca de informações sobre como criar um site”, afirma. “Atualmente existe um volume médio de mais de 20 mil buscas sobre o assunto/mês em apenas uma palavra-chave”. A procura pelo produto de criação de sites da empresa mais que dobrou de 2014 para 2015, aponta a executiva. Houve um crescimento de 172% no período.

Para 2016, a empresa espera obter um crescimento no serviço de hospedagem muito próximo do atingido ano anterior. “Percebemos certa insegurança ou incerteza sobre o período, mas, ainda sim, continuamos a sustentar um cenário de crescimento”, afirma Raquel. “Talvez uma expectativa de crescer um pouco menos do que os 5% de 2015, mas continuar crescendo”.