Classe C, o público de R$ 410 bilhões
Por Valdenir Flauzino
Há muitos anos o brasileiro da classe C deixou de ser coadjuvante e tem ocupado um papel cada vez maior na economia do país.
Diferente de há vinte anos, quando havia bem menos produtos e tudo era tão menos acessível, hoje há guerra de preços e economia mais equilibrada.
Num novo cenário econômico brasileiro, a classe C consome mais e com qualidade e o abismo social tem ficado menor. A visão de “rico cada vez mais rico e pobre cada vez mais pobre” não é mais inquestionável e pela primeira vez na história a renda da classe C aumenta mais que das classes A e B. Graças ao crédito, o consumidor das classes “menos favorecidas” mostra que tem grande potencial.
O Brasil não deixou de ser um dos piores países em distribuição de renda, mas depois de quase uma década e meia de aumento do abismo social, uma transformação sutil porém importante vem ocorrendo, no sentido oposto.
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Dados do IBGE mostram que, em apenas dois anos, os brasileiros das classes D e E deixaram de ser mais da metade da população para representar apenas 39%, índice menor que a atual classe C, enquanto as classes A/B não sofreram alteração até 2007.
Obs.: Renda média por domicílio:
- classe A (entre R$ 6,6 mil e R$ 11 mil);
- classe B (entre R$ 2,2 mil e 3,8 mil);
- classe C (R$ 1,1 mil);
- classe D (R$ 570) e
- e classe E (R$ 300).
Graças a alguns fatores, a classe C tem mudado drasticamente seus hábitos de consumo e está no topo das estratégias de grandes empresas como a Positivo Informática (atualmente a 10ª maior fabricante de desktops do mundo), a Microsoft, as Casas Bahia, a Johnson & Johnson, Procter & Gamble, Nestlé e dezenas de construtoras de imóveis populares espalhadas pelo Brasil.
Com o aumento da renda e do emprego, crédito em ascensão (com prazos longos e juros menores) e programas sociais, essa camada passou de 36% em 2006 para 46% em 2007, ou seja, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a integrar a classe que hoje consome mais de R$ 410 bilhões.
O interessante é que, descontando as Casas Bahia e a Positivo Informática, todas as empresas acima apostavam seus esforços e produtos nas classes A e B, mas hoje já produzem especialmente para essa classe consumista emergente.
Ficou claro o importante papel da nova classe emergente para a economia brasileira. Caso reste ainda alguma sombra de dúvida, bastar entrar em um ônibus em qualquer cidade, de preferência nas regiões metropolitanas, no final do expediente de trabalho. Você verá tecnologia em abundância, de celulares touch screen de última geração a aparelhos de MP5, iPods, headphones bluetooth. Vá ao shopping e Mac Donald’s, Giraffas e Habib’s estão lotados.
Ah, mais uma coisinha. Observem nos pés tênis Nike, Adidas, Olympikus e Asics ou nas roupas calças de mais de R$ 60 e camisetas de R$ 30. Antes de lançar campanhas publicitárias ou planejar estratégias de comunicação, lembre-se de incluir esse novo brasileiro consumidor
Fonte: webinsider
Categoria: Notícias