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| 05/12/2014 - 07:12 AM | Comentários (0)

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A questão da privacidade no mundo digital ganha cada vez mais destaque no  cenário atual. Como lidar com a privacidade em um mundo onde o conceito se  aplica cada vez menos? Casos como o de Edward Snowden, ex-agente da CIA  que vazou informações confidenciais sobre a espionagem praticada pelo governo  dos EUA. Ou a batalha jurídica iniciada pelo Twitter, para que seus usuários sejam  informados sempre que o governo dos EUA solicitar informações consideradas  privadas, colocam bastante combustível na acalorada discussão. O que poucos  percebem, é que o real problema não é utilizar as informações disponibilizadas nos  espaços digitais. A questão é não avisar como e porque isso será feito. A pergunta  que fica é: como algo tão simples pode passar despercebido? Isso acontece  porque ‘privacidade’ é um conceito extremamente complexo.

Para entender melhor a questão, vamos diferenciar os conceitos de ‘segurança’ e  ‘privacidade’. A diferença pode até parecer inexistente em  alguns momentos, mas  também pode gerar enormes confusões. Nesse sentido, uma matéria da  Scientific  American¹ nos mostra um ponto bastante interessante que ajuda a entender a  diferença: “[…] se o número de seu seguro social for revelado e usado  indevidamente […] não se trata de uma questão de privacidade, mas de  segurança. Na violação de privacidade, o “prejuízo” sofrido é subjetivo e pessoal.”.  Ou seja, qualquer ato tomado como invasão do espaço privado ou da vida pessoal,  facilmente se caracteriza como uma violação de privacidade. Um exemplo bem  prático são os famosos cookies, pequenos pedaços de informação utilizados para  mapear a nossa navegação na internet. Ao mesmo tempo em que os cookies trazem para o usuário uma experiência mais personalizada na internet, também  entram em seu domínio privado, pois rastreiam suas ações na web. Um ponto  chave é que a escolha entre as vantagens e desvantagens, só pode ser feita pelo  próprio usuário final, de modo que não haja nenhuma sensação de desrespeito à  própria privacidade.

Eric Schmidt, ex-CEO do Google e atual membro do conselho da empresa, quando  questionado em 2009 se os usuários deveriam compartilhar suas informações com  o Google, como se ele fosse um “amigo confiável” (questão que faz uma clara  referência às preocupações com a privacidade de usuários de mecanismos de  busca), respondeu que, “se há algo que você não gostaria que ninguém soubesse,  talvez, para começar, você nem deveria estar fazendo aquilo”. A resposta de  Schmidt chama atenção para outro ponto negligenciado a respeito da privacidade:  a diferença entre ‘secreto’ e ‘privado’. Conforme a própria matéria da Electronic Frontier Foundation sobre a polêmica frase do ex-CEO do Google, todos vamos ao  banheiro diariamente e fazemos coisas que são PRIVADAS mas não são SECRETAS. Como consequência, podemos inferir que o fato de algo não ser SECRETO não implica que aquilo não seja PRIVADO.

Estamos, afinal, em um mundo onde “grandes ambições e extrema modéstia  aparecem de mãos dadas nesta insólita promoção de você e eu, que se espalha  pelos novos circuitos interativos. “Glorifica-se a menor das pequenezas, enquanto  se parece buscar a maior das grandezas.”, nas palavras da antropóloga Paula Sibilia. E assim, está criado o impasse do século para os profissionais de  marketing na Era Digital: até que ponto informações disponibilizadas on-line  podem ser utilizadas para melhor direcionar ações de marketing? A pergunta não  apenas é fechada para respostas simples e rápidas, mas abre espaço para outras  polêmicas que nos levam até (-) o questionamento inicial: como lidar com a  privacidade, em um mundo onde o conceito se aplica cada vez menos? Saber lidar com essa ‘nova privacidade’, cada vez mais complexa é um grande  desafio. Como evitar situações em que os clientes sintam que sua privacidade foi  violada? A resposta é comunicação! Comunicação no melhor estilo de que ‘o  combinado não sai caro’. Ou seja, utilizar as informações disponibilizadas no  mundo on-line sem ferir a privacidade e os direitos de seus proprietários, sejam (-)  clientes, fornecedores, amigos, pesquisadores e etc. Basta que os objetivos e o  destino a ser dado a essas informações, sejam expostos de forma clara, para e  haja consenso dos envolvidos. Por exemplo o Twitter, em vez de tentar proibir o  acesso aos dados de seus usuários pelo governo, optou por lutar para que o  usuário tenha direito de saber que a informação foi acessada. Tudo isso mostra  como a nossa visão sobre a privacidade mudou. Não basta apenas utilizar as  melhores ferramentas tecnológicas para processar massivas quantidades de  dados e entender como seu cliente pensa. É preciso COMUNICAR ao cliente de  forma clara e adequada sobre o que será feito, as vantagens e desvantagens em  aceitar ou não que suas informações sejam utilizadas, e obter a aprovação. Só  assim é possível garantir que o cliente, não apenas sinta-se único, mas acima de  tudo, RESPEITADO.

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Categoria: Cases

Sobre Alexandre Kulpel: Alexandre Kulpel é executivo de negócios da UNEAR, empresa especializada em marketing digital. Ver mais artigos deste autor.

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