Sua vez de jogar
“A inovação está intimamente associada com os processos e modelos de negócios e todos os diferentes aspectos que combinam para a obtenção de um novo produto ou serviço para o mercado”.
(James Moody & Bianca Nogrady, especialistas em teoria da inovação no livro The Sixth Wave- Publicado por Random House Australia).
É inevitável apontar para um smartphone e dizer: ‘Essa é uma boa invenção “. Também inevitável e muito mais importante é compreendermos que junto com o smartphone chega um processo de inovação que vai deflagrar um outro processo, vai vender um produto e serviços assim que se consiga alguém para usá-lo. O mais importante é entender que a inovação é um processo, não uma coisa.
Estava olhando em detalhes a Agenda de 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. É um plano de ação para o planeta, para as pessoas, para a prosperidade. Está no site, e quem quiser e tiver tempo deve dar uma olhada: https://sustainabledevelopment.un.org/post2015/transformingourworld
Está tudo ali. Desde a necessidade de erradicação total da pobreza, até a proteção do planeta contra a degradação progressiva, a necessidade de se garantir o consumo e a produção sustentáveis, o manejo dos recursos naturais e as ações urgentes contra as mudanças climáticas. Um mundo melhor.
Ora, as pessoas de bem sabem disso e adotar essa agenda em nossos corações é uma causa fácil. Porém, é necessário que as constatações obtidas nos estudos e pesquisas dos projetos de sustentabilidade saiam do universo fácil do “mea culpa” e passem a fazer parte de um plano de ação. É importante perceber que essas constatações são um processo que vale como um subsídio inicial: uma reflexão que deságua em uma atitude, que implica em um plano de ação.
A coisa começará a tomar forma quando esse plano de ação sugerir um jeito de fazer negócios levando em conta a sustentabilidade, colocando as empresas em contato com seus stake holders mais importantes. É preciso que as ferramentas usadas nas investigações do cenário, ao sair das prateleiras, passem a ser políticas de relacionamento das empresas. É preciso que resulte uma nova maneira de abordar o consumidor, a cadeia produtiva, as instituições, a sociedade como um todo. A essas alturas não estamos mais no tempo em que um bom “mea culpa” resolvia a questão.
As pressões que aparecem nas redes sociais, tornam-se compromissos inarredáveis dentro da agenda de uma nova ordem e de uma nova economia. A sociedade passa a exigir mais das empresas, e as novas leis que vão surgindo e as velhas leis que vão se aprimorando obrigam as empresas a mudar sua conduta. Não basta “parecer legal”. Você tem que “ser legal”. E contar isso para os outros.
Um Global Report sobre Sustentabilidade das Nações Unidas traz indicadores muito significativos desses novos tempos. Em uma pesquisa com 750 CEO’s conduzida pela Accenture, podemos ver no Global Report que a esmagadora maioria dos CEO’s acredita que não dá para chegar ao end game de suas empresas sem levar em conta a sustentabilidade. Dentre eles, 96% acreditam que os itens de sustentabilidade devem estar plenamente integrados na estratégia e operação de uma companhia (em 2007 esse numero era 72%).
A sustentabilidade já não é mais um jogo de salão, uma cenografia para “sair bem na foto”. Trata-se de um conjunto de culturas que define marca, confiança, reputação e exige um pensamento estratégico. Percebe-se nesse material da UN que a complexidade para implementação de medidas é uma das barreiras mais significativas para se conseguir uma abordagem integral, abrangente para a sustentabilidade.
O primeiro passo para romper esta barreira é obter um retrato sincero do ponto de partida. É preciso saber qual o status do negócio no que diz respeito a sustentabilidade, e prestar contas. A questão básica da sustentabilidade é melhorar a cada dia. Você, hoje, deve estar melhor que ontem. Nenhuma empresa, nenhum negócio fica sustentável de uma hora para outra. É um processo que não para, onde a cada momento o negócio deve ser tão sustentável quanto possível. Qualquer melhora é benvinda. Seus clientes vão gostar, desde que você conte pra eles o que sua empresa faz pela sustentabilidade.
Para isso, é preciso inovar. Inovando, é preciso inventar. Inventando, é preciso estabelecer um produto, serviço ou dinâmica de relacionamento que participe do mercado. E isso depende de um ajuste entre intenção e gesto. Hora de agir.
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