O e-commerce globalizado e no Brasil
Mesmo os menores e mais pobres países, cidades ou vilarejos do mundo, por mais distantes que estejam dos grandes centros, e independentemente do regime político que utilizam, já estão envolvidos com o comércio eletrônico, o chamado “e-commerce”, legal ou até ilegalmente, onde há restrições políticas para a internet.
No mundo, bilhões de dólares são comercializados diariamente através desse meio. Compra-se e vende-se de tudo, novo ou usado, de uso público ou privado, verdadeiro ou pirata, de brinquedos a medicamentos, máquinas, equipamentos, veículos, até coisas e produtos inimagináveis.
Apesar de serem empresas com lojas virtuais, e justamente por esse motivo, ter se imaginado o contrário, esse mercado gerou milhões de empregos pelo mundo. São os criadores dos sites dessas empresas, as empresas criadas para hospedar esses sites, seus técnicos, os criadores dos programas que lançam as vendas e comunicam as centrais de distribuição, os responsáveis pelas emissões das notas fiscais ou licenças de exportação, as transportadoras das mercadorias, os funcionários dos correios, os atendentes dos chamados “call-centers’, e outros tantos que nem se pode descrever. O Brasil, no entanto, está engatinhando nesse comércio exatamente pela mão de obra desqualificada, em todos os setores descritos, e o governo pouco tem feito para melhorar o quadro. Deveria, pelo menos, criar cursos técnicos e profissionalizantes destinados exclusivamente para esse fim, mas têm deixado tudo por conta da iniciativa privada. São as escolas privadas que estão disponibilizando cursos rápidos de computação, de criação de sites e outros, mas geralmente com uma péssima qualidade e sem nenhuma supervisão dos órgãos governamentais responsáveis por esse ensino.
Empresas novas ou mesmo as tradicionais, do mercado físico, que possuem lojas de varejo, indústrias e fábricas, investem na criação de sites, pretendendo através destes atingir esse mercado, o virtual. Contratam para isso empresas que se declaram especialistas na criação, manutenção e “hospedagem” desses sites, suas vitrines virtuais, mas que na realidade trabalham de modo amador, não têm capacidade ou mesmo suporte suficiente para tal, e não possuem nenhuma responsabilidade diante da imensidão da net, a ponto de se darem ao luxo de fecharem nos finais de semana, sem deixar sequer alguns técnicos de plantão.
Uma das maiores vantagens do comércio eletrônico é a de poder ser realizado a qualquer hora, de qualquer lugar, aos domingos, feriados, e até nas madrugadas. Assim, se algo de errado ocorrer com o servidor onde está “hospedado” o site, o mesmo sairá do ar e a empresa deixará de ser vista e não poderá comercializar nada até a segunda-feira, quando os “responsáveis” pelo servidor, que fecharam no final de semana, voltarem ao trabalho. A loja virtual terá perdido suas vendas e seus clientes, pois, em qualquer comércio, cliente mal atendido é cliente perdido. E quem será responsabilizado pelos danos ocorridos? Como serão recuperados?
Para que o país possa avançar nesse mundo, o da comunicação e comercialização virtuais, a primeira atitude a ser tomada é que os técnicos que trabalham com a construção de sites para empresas, revistas, jornais, ou pessoas que se comunicam, vendem ou compram através da net, precisam ter essa consciência. Esse não é um mercado para amadores, e sim para profissionais, que entram no mercado mundial, mas para tal precisam possuir uma responsabilidade equivalente, ou, além de se prejudicarem, prejudicarão também as pessoas e empresas que atendem.
Fonte: João Bosco Leal