Por que a web não afeta o mercado editorial?
Por Gilberto Alves Jr.
Um interessante artigo, de John Crace (The Guardian), explica porque a web, que abalou tão gravemente a indústria da música, ainda não afetou o mercado de livros.
Crace diz que hoje qualquer banda razoavelmente boa (só isso já reduz muito a quantidade) consegue ser conhecida no mundo todo com uma página no Myspace, disponibilizando suas músicas gratuitamente. A internet democratizou o acesso à música, tirando poder (um pouco, pelo menos) das grandes gravadoras.
Com os livros, não é assim.
Embora haja boas exceções, como João Paulo Cuencas que era blogueiro e foi convidado para publicar um romance e as Motherns que viraram até seriado de TV, continua sendo muito, muito difícil para um escritor estreante ser publicado.
Segundo John Crace, “se você quer saber a quem culpar, não precisa olhar para muito além do mercado literário. Editores e vendedores querem somente investir no que é garantido.”
Há boas novidades, como o site lulu.com, onde qualquer pessoa pode “publicar” seu livro com impressão sob demanda. Mas o custo continua sendo alto em relação à impressão de grandes quantidades. Além disso, há toda uma cultura tátil do livro, de pegar na mão, cheirar, ler a orelha e só depois deste namoro vem a compra – nada disso existe na internet.
O que acontecerá quando os livros deixarem de ser distribuídos em papel, com a popularização de tecnologias como a da tela flexível? O que acontecerá quando o mercado editorial for tão digital quanto é hoje o de música?
Será que provaremos uma verdadeira revolução cultural? Será que, como diz John Crace, esse meio, que costumava ser um trampolim para o radicalismo, pode morrer pelo conservadorismo?
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