Site de vendas se torna vício na China e movimenta fortuna

| 09/11/2009 - 23:14 PM | Comentários (0)

Nos meses que antecederam sua formatura universitária, em junho, Yang Fugang dedicou seu tempo a atividades extrauniversitárias: a administração de uma loja online  que vende cosméticos, xampus e outros produtos que eles muitas vezes compra de fábricas locais em Yiwu. Hoje, sua loja online no Taobao.com – o mercado online chinês de mais rápido crescimento – conta com 14 funcionários, dois armazéns e gera pilhas de dinheiro.

“Jamais imaginei que fosse me sair bem assim”, disse Yang, 23 anos, que no passado ganhou US$ 75 mil. “Comecei vendendo tapetes para ioga, e agora vendo muita maquiagem. As margens de lucro são mais altas”.

A febre do Taobao varreu a escola de Yang, a Faculdade Industrial e Comercial de Yiwu, cujos administradores informam que um quarto dos 8,8 mil estudantes hoje administram uma loja no mercado online, muitas vezes trabalhando de seus alojamentos universitários.

Em toda a China, milhões de outras pessoas – formandos universitários, comerciantes e aposentados – também estão recorrendo ao Taobao para vender roupas, celulares, brinquedos e quase tudo mais que encontrem em lojas e mercados de atacado locais, ou até que consigam contrabandear para fora das fábricas.

Analistas de internet afirmam que esse florescente mercado – que lembra os dias iniciais do eBay, quando os norte-americanos começaram a esvaziar seus sótãos por meio de leilões online – fez do Taobao uma das mais procuradas empresas de internet da China.

Embora exista apenas seis anos, o Taobao (palavra chinesa que significa “procurar tesouros”) já conta com 120 milhões de usuários registrados e 300 milhões de produtos em oferta. No ano passado, seus comerciantes movimentaram quase US$ 15 bilhões.

A empresa alega que as vendas de seu site já superam as de qualquer outro grupo chinês de varejo. E, dizem especialistas em internet, as vendas totais do grupo devem superar as da Amazon.com este ano, chegando na US$ 19 bilhões.

“Esse é o novo grande segmento na Internet da China”, disse Jason Brueschke, analista de Internet no Citigroup de Hong Kong. “É uma mistura de eBay e Amazon.com”.

Como o eBay, o Taobao não vende nada diretamente; simplesmente permite que vendedores encontrem compradores. O mercado tem posição forte na China porque boa parte do país ainda conta com recursos de transporte insuficiente, e algumas autoridades dão preferência a redes estatais de varejo, o que torna o sistema de comércio ineficiente.

A recessão mundial também deixou as fábricas, que vinham operando em ritmo superaquecido, com imensos estoques de produtos que o restante do mundo já não parece querer.

Os chamados “viciados em Taobao” estão ajudando a economia desacelerada a retomar o ímpeto. “Não consigo viver sem o Taobao”, disse Zhang Kangni, estudante de pós-graduação em Xangai. “Para começar, é mais barato. Encontrei um vestido em uma loja de Xangai. É uma marca de Hong Kong, e custava US$ 175. No Taobao, encontrei o mesmo vestido por US$ 33”. Mas os céticos perguntam se o Taobao terá mesmo a capacidade de lucrar e de emergir como uma verdadeira potência na internet.

A empresa ainda não abriu seu capital, e portanto não revela informações financeiras, mas anunciar produtos no Taobao é gratuito, e a empresa não recebe comissão sobre as transações. Quase toda a receita de US$ 200 milhões que a empresa apresenta deriva de publicidade; o grupo diz que a receita basta para cobrir com folga todas as suas despesas operacionais.

A empresa tem recebido críticas, no entanto, por contribuir para com o florescente comércio de bens falsificados. O Taobao rejeita essas alegações, afirmando ter em vigor um novo programa que está reprimindo de maneira efetiva a venda de produtos falsificados.

Os executivos da empresa também afirmam que ela está posicionada para obter fortes lucros, mas que a prioridade inicial para eles é a de criar uma comunidade online.

“Nossa visão para o Taobao é a de construir um paraíso para os consumidores, no qual as pessoas possam fazer compras e se divertir online”, disse Jonathan Lu, o presidente do grupo. “Caso tornemos a companhia cada vez melhor, os lucros surgirão naturalmente”.

A confiança dele quanto ao futuro da Taobao deriva da linhagem do grupo. Trata-se de uma divisão da Alibaba, um conglomerado de Internet desenvolvido por Jack Ma ao longo dos últimos 10 anos, com forte apoio financeiro do Yahoo, Goldman Sachs e do Softbank Group, do Japão. O Yahoo controla cerca de 40% do Alibaba.

O Alibaba.com, o principal serviço do grupo, conecta pequenas empresas de todo o mundo a exportadores chineses. O Taobao.com faz coisa semelhante por consumidores interessados em vender a outros consumidores.

O Taobao.com foi criado em 2003, e no começo não era visto como sério candidato ao sucesso, porque fornecer serviços gratuitos não era visto como bom modelo de negócio. Mas o site não demorou a decolar, e o eBay, que até então dominava o mercado chinês, fechou sua unidade no país em 2006, mencionando perda de mercado e um crescente prejuízo. Hoje, o Taobao.com controla 80% do mercado do mercado chinês de comércio eletrônico, de acordo com a iResearch.

Yang, o vendedor online de cosméticos, se tornou um herói no campus de sua faculdade. Ele alugou dois armazéns, nos porões de dois conjuntos residenciais a alguns quilômetros da faculdade.

Em visita a um deles, lotado de caixas de filtro solar Neutrogena, grampos de cabelo, escovas de cabelo e uma ampla variedade de cosméticos, Yang afirma que os negócios não podiam ir melhor. “Em breve atingirei os US$ 150 mil mensais em vendas”, ele disse, abrindo um largo sorriso.

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Categoria: Lançamentos, Notícias

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