O que há de bom na internet

| 16/11/2009 - 21:42 PM | Comentários (0)

Conheça dez ferramentas que podem ajudar a melhorar a gestão, aumentar vendas, relacionar-se com clientes e reduzir custos. Elas custam pouco e algumas são até de graça
Mais de uma década atrás, quando o mundo dos negócios acordou para a internet, situar-se em meio ao turbilhão de novas tecnologias já era um desafio para empresas de todos os tamanhos. Nos dias de hoje, com uma quantidade enorme de ferramentas online oferecidas a custos cada vez mais acessíveis, ficou ainda mais difícil para as pequenas e médias empresas se manter em dia com as novidades — e saber, sobretudo, como outras empresas de pequeno porte estão usando essas tecnologias para ser mais eficientes. Para esta reportagem, EXAME PME ouviu dezenas de profissionais de tecnologia de empresas com faturamento entre 1 milhão e 80 milhões de reais. O objetivo foi selecionar dez ferramentas que se encontram na internet e podem ser usadas para aumentar a produtividade de empresas que se encaixem nesse tamanho. São recursos que servem para atender melhor os clientes, aumentar as vendas, economizar nas compras ou aperfeiçoar os métodos de gestão. Estabeleceu-se, aqui, uma faixa de custo — para entrar na reportagem, as tecnologias não deveriam ultrapassar a faixa de 10 000 reais. Em alguns casos, podem ser encontradas versões gratuitas.

Para dar segurança
Muitos pequenos e médios empresários com dificuldade para entender os inúmeros detalhes de funcionamento do arsenal tecnológico por trás de sua empresa acham que os problemas ocorrem porque são eles que não entendem do assunto. Pois mesmo as empresas do setor podem sofrer um bocado com isso. Há pouco mais de um ano, a gaúcha Advice Informática, empresa que fatura 1 milhão de reais por ano com a prestação de suporte técnico e consultoria em tecnologia, enfrentava um sério problema que afetava sua produtividade. Coisas estranhas aconteciam na área de segurança de tecnologia — estranhas até para a própria Advice. Diariamente, as máquinas eram atacadas por até 200 e-mails indesejados, os spams. Além de incômodos, os spams deixavam o pessoal da empresa assustado. Era impossível afastar a suspeita de que muitos desses spams enchiam a caixa postal dos funcionários com vírus e outras pragas virtuais. Nessas ocasiões, optava-se pela suspensão temporária das atividades. “Era comum perdermos horas de trabalho”, diz José Luís Furjan, de 34 anos, gerente técnico da Advice. A solução foi encontrada no mesmo lugar de onde saem pelo menos 11 000 novas pragas por semestre — a internet. Há alguns meses foi contratada uma empresa para, a distância e pela rede, monitorar as máquinas da Advice. Desde então, uma espécie de rastreador online passou a interceptar as mensagens suspeitas. “Acabou aquele negócio de procurar os especialistas cada vez que um computador nosso é atacado”, diz Furjan. “Agora temos mais tempo para atender os clientes, que é o que sabemos fazer.” Para contratar esse serviço, a Advice desembolsou 1 300 reais na proteção de suas 13 máquinas. Para empresas com até cinco computadores o custo médio desse serviço pode cair para 350 reais.

Para quem quer ver tudo
O paulista Fernando Hase, de 37 anos, dono do restaurante japonês Kampai, que fatura 1,6 milhão de reais por ano, viveu até poucas semanas atrás uma situação bem típica na trajetória inicial de muitos empreendedores. Hase vinha acumulando capital para reinvestir no negócio e sua mente fervilhava com muitas idéias novas. Mas, no caminho para abrir um segundo restaurante, também de comida japonesa, Hase enxergava uma dificuldade — ou melhor, ele não enxergava.

Explica-se. Hase queria o que, para muita gente, poderia parecer impossível — ver tudo o que acontece dentro de seu restaurante mesmo quando ele não está lá. O empresário resolveu a dificuldade instalando um sistema composto de duas câmeras com dispositivos de zoom e sinal de áudio. Uma fica no salão principal do restaurante e a outra está na cozinha. Por meio delas, Hase acompanha todo o movimento pela internet, a partir do escritório ou de casa. E, se ele estiver em viagem, mesmo que seja longe, é só procurar um cibercafé e entrar num computador conectado à internet. “Fiquei muito mais tranqüilo”, diz Hase.

À distância, Hase pode conferir, por exemplo, o tempo das filas de espera, o manuseio dos produtos na cozinha, a movimentação dos garçons, entre outros fatores que ele considera estratégicos para seu negócio. Trata-se de um tipo de ferramenta sob medida para pequenos empresários adeptos de um estilo de gestão baseada em controles. No caso de Hase, o equipamento o tem ajudado a manter-se vigilante mesmo durante longas andanças pela cidade, quando ele sai em busca de um bom ponto para implantar o novo restaurante.

O restaurante atual fica no bairro do Itaim, na zona sul da capital paulista. Mas, mesmo que Hase esteja do outro lado da cidade, é como se ele estivesse sempre presente no local. Se cismar que algo não está perfeito no Kampai, Hase pode lembrar que é possível, a qualquer momento, checar tudo o que acontece na sua ausência. Segundo psicólogos, só isso, muitas vezes, já basta para baixar a ansiedade. Com a ferramenta, o Kampai desembolsou 600 reais e paga mensalmente uma licença de 180 reais ao fornecedor.

Para pular etapas
Ao lado de três sócios, o mineiro Claudio Pessoa, de 36 anos, experimentou recentemente uma nova tecnologia para atrair mais clientes. À frente da ITE, empresa mineira que fornece acesso à internet para o mercado corporativo, ele investiu no click-to-talk, sistema de voz sobre protocolo de internet (ou, simplesmente,VoIP) aplicado num banner publicitário. O funcionamento é simples: quando clica num banner da ITE na internet, o consumidor é levado diretamente para a central de atendimento da ITE. Se estiver equipado com acessórios de acesso a VoIP, o consumidor já fala ali mesmo com a equipe da empresa. Antes do novo sistema, o cliente tinha de fazer o caminho convencional — mandar uma mensagem para o e-mail assinalado ou usar o telefone. “Achávamos que tínhamos de oferecer uma opção que pudesse ser considerada ainda mais prática por uma parcela importante dos nossos clientes”, diz Pessoa. Desde que o click-to-talk foi instalado, em março deste ano, as vendas da ITE aumentaram 20% e a procura por informações sobre os produtos subiu 40%. “Em um mundo em que todos querem mais comodidade, esse é o tipo de tecnologia que logo vai ser amplamente usado”, afirma o consultor Ronaldo Fonseca, especializado em tecnologia corporativa. Pela novidade, Pessoa desembolsou 1 000 reais.

Para ter certeza
Nos últimos seis anos, a rede paulista de restaurantes especializados em grelhados Bon Grillê, que faturou 45 milhões de reais no ano passado, concentrou na internet a maior parte da comunicação com suas 51 franquias. Vão por e-mail muitos documentos importantes, como decisões estratégicas, contratos e avisos de atraso de pagamentos. Fazer tudo por e-mail tinha, porém, uma desvantagem: muitas vezes, alguns franqueados diziam não ter recebido as mensagens. Não havia como ter certeza se elas tinham se extraviado ou se haviam sido apagadas — de propósito ou sem querer. “Não tínhamos comprovantes de que as mensagens haviam chegado”, diz Orlando Masi, de 51 anos, da Bon Grillê. Esse problema praticamente acabou. Desde agosto do ano passado, a rede vem usando ferramentas de certificação digital, que conferem às mensagens eletrônicas o valor de um documento com peso legal. Além disso, permitem saber se um e-mail chegou e se foi mesmo aberto pelo destinatário. Hoje, toda a correspondência considerada estratégica pela Bon Grillê é enviada a franqueados, clientes, bancos e fornecedores com a certificação eletrônica. O preço dessa solução varia de 50 centavos a 3 reais por e-mail enviado.

Para administrar
É muito difícil encontrar um pequeno ou médio empresário que nunca tenha ouvido falar nas facilidades prometidas por um software de gestão. Com a finalidade de controlar processos como entradas e saídas de dinheiro e manter relacionamento com o consumidor, essas ferramentas atraem pela promessa de tornar a gestão mais ágil e transparente. Mas, antes de adquirir um programa desse tipo, muitas pequenas empresas têm preferido testar versões oferecidas a preços baixos ou até gratuitamente na rede por outras empresas de pequeno porte. Entre elas, algumas parecem estar seguindo um modelo de negócios que lembra o lançado pelo finlandês Linus Torvalds, criador do Linux, sistema operacional livre que acabou ganhando um espaço expressivo no mundo das empresas. Situada na cidade de Pato Branco, no interior do Paraná, a Hábil disponibiliza um software gratuito que permite controlar, por exemplo, o que entra e o que sai do estoque, além de armazenar a ficha técnica dos produtos. A Hábil, que já distribuiu seu sistema para mais de 3,8 milhões de usuários brasileiros nos últimos sete anos, também vende versões mais completas, por 219 reais. Para colocar o software em ação, basta um profissional que saiba usar planilhas eletrônicas e fazer a integração das informações.

Para falar com todo mundo
O podcast, arquivo de áudio e em MP3 que pode ser transmitido pela internet, é um meio que também pode ser usado por pequenas e médias empresas na comunicação com clientes, parceiros, fornecedores e funcionários. A melhor forma de usar essa ferramenta, segundo especialistas, é colocar no site da empresa pequenos programas, de 2 a 7 minutos, com a mensagem que se deseja transmitir. Baixando esses arquivos, o destinatário poderá ouvir uma gravação sobre promoções, lançamentos de produtos ou serviços. O podcast serve também para transmitir — a um custo muito baixo — uma mensagem estratégica a funcionários de uma empresa com várias unidades espalhadas pelo país. “É uma forma barata de comunicação com uma abordagem inovadora”, diz Gil Giardelli, consultor da Permission, empresa provedora de soluções de tecnologia. O custo do serviço pode variar de 500 a 1 000 reais para a implantação da tecnologia, caso seja feito por uma agência especializada. Há, ainda, algumas opções gratuitas, com a utilização de softwares que podem ser baixados sem nenhum custo da internet. Um exemplo é o Audacity, que possui versões para diversos sistemas operacionais e requer apenas um microfone e caixas de som para a criação do podcast.

Para exibir
Pode-se afirmar que a nova geração de catálogos comerciais representa muito mais do que apenas um meio de consulta. Além de conter especificações e preços dos produtos de uma empresa, como funcionava antigamente, os novos catálogos eletrônicos permitem a criação de espaços específicos para comércio eletrônico. Numa mesma página com informações sobre artigos de beleza, por exemplo, pode-se inserir links para as lojas virtuais que atuam no setor. Com isso, os e-catálogos estão começando a se tornar uma forma importante de relacionamento entre as empresas — pois o mesmo catálogo pode representar uma oportunidade de negócios tanto para determinado fornecedor como para uma empresa que seja sua cliente. Hoje em dia há tecnologias que permitem produzir catálogos virtuais tão bonitos quanto os impressos — e muitos podem ser “folheados” com o auxílio de um mouse. Essa ferramenta ainda é pouco utilizada entre pequenas e médias empresas — em parte por causa do preço, que pode ser considerado alto em relação a outras tecnologias citadas nesta reportagem. Uma versão eletrônica de um catálogo pela internet com 20 páginas, por exemplo, sai por algo em torno de 10 000 reais.

Para cotar preços
No primeiro semestre deste ano, a Organização Paranaense de Ensino Técnico (Opet), escola que fatura 10 milhões de reais por ano, viu as despesas com produtos de informática, um dos itens que mais pesam nas suas compras, encolher 20% em relação ao mesmo período de 2005. Por trás da redução está o pedido de cotação, uma ferramenta de comparação de preços pela web. Quando pretende fazer compras, a empresa usa a solução para emitir um aviso único aos fornecedores. No aviso vão as especificações do que se pretende adquirir e uma data para que os fornecedores enviem ao software usado pela Opet uma proposta de preço. “Com todas as ofertas em mãos, fazemos a seleção”, diz Cleverson Pitevin, coordenador de tecnologia da informação da Opet. Diferentemente do leilão reverso, outra ferramenta de e-commerce, o pedido de cotação não reúne as empresas num mesmo horário e espaço virtual. A instalação do programa custou à escola 250 reais. A taxa mensal de manutenção tem o mesmo valor.

Para dar exclusividade
No começo deste ano, uma equipe da Balaska, produtora paulista de luvas, capacetes e outros equipamentos de segurança, deparou com um edital de licitações diferente. Para se tornar fornecedora da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), a companhia, que faturou 78 milhões de reais em 2005, deveria construir uma plataforma eletrônica exclusiva para a estatal. Nela deveriam ser colocadas informações sobre todos os principais produtos oferecidos pela empresa à Emae. “Nunca tinha recebido um pedido desses antes”, diz Michel Thalenberg, de 44 anos, gerente da Balaska. A empresa investiu 10 000 reais na implantação do projeto — e venceu a concorrência. “O objetivo desse projeto é oferecer clareza, agilidade e padronização à Emae no momento de fechar cada pedido”, diz Thalenberg. O sistema pode ser útil para qualquer empresa que comercialize grande quantidade de itens para grandes clientes que façam compras de altos valores, capazes de compensar o investimento.

Para poder pechinchar
O leilão reverso une, com pesos diferentes, os dois pólos de uma negociação. De um lado, está uma empresa interessada em comprar bens ou serviços. De outro, ficam vários fornecedores empenhados em vender. Os fornecedores fazem seus lances. O comprador pode escolher quem fizer a oferta mais atraente. O funcionamento de um leilão reverso é muito simples. Num leilão de verdade, daqueles em que um leiloeiro bem vestido bate o martelo depois do clássico “dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três”, quem fizer o lance mais alto ganha o direito de adquirir o quadro famoso ou a camisa de futebol usada por um jogador numa partida decisiva. Numa negociação com o leilão reverso, como o nome diz, toda essa lógica é invertida. Quem bate o martelo — ou clica com o mouse — é o comprador. E, normalmente, ganha a negociação quem fizer o lance mais baixo. Vem daí, portanto, o nome da ferramenta.

Como um leilão comum, o leilão reverso é feito com hora marcada, por meio de um software que faz a intermediação entre os interessados. Para participar, a empresa instala um programa e arca com uma despesa a partir de 500 reais para usar a tecnologia por um mês. Esse ambiente de negociação tem sido usado por um número crescente de empresas nos últimos anos. Sua popularidade crescente deve-se, em parte, à possibilidade de representar boas oportunidades de negócios tanto para pequenas empresas que querem fazer compras a preços baixos, como para pequenas empresas que querem participar de leilões reversos promovidos por grandes empresas. Bastante parecido com o pregão eletrônico, utilizado por órgãos públicos, o leilão reverso pode ser encarado, no caso de quem está vendendo, como um teste de competitividade — empresas que nunca conseguem estar entre os patamares de preços mais atraentes podem estar precisando rever suas estratégias de precificação.

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Categoria: Tutoriais

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