Margens x Custos: Por que as lojas virtuais estão perdendo lucratividade?

| 16/05/2013 - 08:23 AM | Comentários (6)

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© Xuejun li – Fotolia.com

Para obter sucesso, uma empresa precisa gerar lucro. Portanto, aumentar as receitas, reduzir os custos e as despesas devem ser um objetivo constante. O comércio eletrônico cresce a passos largos no Brasil e no mundo. Com isso, acaba se tornando o centro das atenções para muitos empreendedores e aventureiros que imaginam uma possibilidade de fazer dinheiro fácil. O cenário atual é de redução de margens, por conta de alguns fatores.

Fazer dinheiro nunca é fácil, porque depende de muito trabalho e dedicação. Mas antes disso, de muito planejamento também. A palavra “planejamento” poucos gostam. Executar motiva muito mais. Esse pecado faz com que o plano não seja feito como deveria. Não vai adiantar contratar os melhores fornecedores do mercado porque a empresa não vai obter o sucesso desejado. Montar um bom plano de negócios, alinhado ao planejamento estratégico e à visão da empresa, é tão importante quanto executar esse plano de forma assertiva e competente.

Outro erro muito comum é achar que o preço de venda do produto pode ser determinado pela própria empresa. Não, o preço de venda não é definido por quem vende, mas pelo mercado. Portanto, é importante avaliar qual é o preço de venda que o mercado está disposto a pagar para fazer a conta reversa e encontrar sua MC – Margem de Contribuição = Preço de Venda – (CMV + despesas variáveis). A Margem de Contribuição será usada para pagar os custos fixos da operação e é através dela que você encontrará o seu ponto de equilíbrio, que representa o faturamento mínimo que você poderá ter no mês para sua conta fechar no zero a zero, sem lucro ou prejuízo.

Evoluindo a questão do preço de venda, como o mercado está cada vez mais competitivo no e-commerce com a entrada de novos concorrentes, a guerra de preços está ficando maior e as empresas estão tendo que diminuir suas margens para continuarem competitivas. Aqui surge mais um problema, pois as empresas compram com preços diferentes do mesmo fabricante ou distribuidor, em função do seu porte, poder de barganha e capacidade de pagamento. Normalmente, quem compra mais consegue um preço melhor e isso gera um círculo virtuoso para quem está vendendo mais e um círculo vicioso para quem vende menos.

Outro grande vilão é o frete grátis. Mesmo existindo um movimento para acabar com essa prática, ainda há muita concorrência e o frete grátis é usado para atrair clientes. Enquanto não houver uma conscientização geral e um “acordo de cavalheiros” entre as empresas, a famosa “conta frete” das lojas estará sempre no negativo, comendo parte da margem da venda.

Entretanto, o maior dos vilões é marketing através do CPC (custo por clique), que varia em um modelo de leilão. Quanto mais pessoas quiserem comprar o anúncio e/ou melhorar seu posicionamento, mais alto ficará o investimento em marketing. O CPC só tende a subir cada vez mais devido ao aumento da concorrência e aos altos investimentos em marketing. E, isso, impactará diretamente na redução do ROI (Retorno Sobre o Investimento) e, consequentemente, no aumento do percentual de investimento em marketing.

Por último, além do investimento desordenado em marketing que prejudica toda a cadeia, e devido à redução das margens dia após dia, os empresários acabam buscando outras opções para aumentar as vendas. Com isso, novas empresas surgem aproveitando essas oportunidades, oferecendo serviços diferenciados que deveriam resolver o problema. No entanto, a maioria acaba dentro da cadeia de fornecedores, que reduz ainda mais as margens.

Avaliando esse cenário, eu me pergunto: será que são os fornecedores que estão cada vez mais caros querendo aproveitar do crescimento do e-commerce? Ou será que são as empresas que estão brigando entre si e prejudicando umas às outras? É justo negociar o melhor possível da cadeia de suprimentos, mas não podemos deixar de lado um bom planejamento, a busca da autorregulamentação do setor, o investimento ordenado em marketing e a contratação de novos fornecedores de forma estruturada.

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Categoria: Cases

Sobre Alexandre Soncini: Diretor Comercial e Marketing da VTEX. Engenheiro de Computadores pelo Centro Universitário da FEI e Pós-Graduado em Gestão de Projetos (PMI) pelo IBTA. Experiência profissional de mais de 10 anos na área de Internet. Ver mais artigos deste autor.

Comentário (6)

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  1. Alexsandra Dias disse:

    Muito boa matéria.
    Realmente é o que temos visto ultimamente.
    Muitas empresas estão sacrificando suas margens com frete grátis, trocas grátis e por aí vai… isso vira um vicio, se você não segue provavelmente ficará para trás.pois os compradores já se acostumaram com essas facilidades e se uma loja não segue esse”padrão” imposto pelo mercado ela acabará perdendo vendas.

  2. Marcelle Xavier disse:

    Excelente o artigo, levantou uma reflexão muito importante! Na realidade muitos e-commerces quando colocam os gastos no papel concluem que estão perdendo dinheiro! Uma solução que está vindo para aumentar a performance dos e-commerces é a gestão automatizada: softwares programados para tomar decisões inteligentes e agéis. A Amazon por exemplo otimiza todos os seus processos com a gestão automatizada e estudos apontam ser possível aumentar em até 60% a margem de lucro com o uso dessas ferramentas. É claro que tudo envolve um investimento alto, mas o retorno tem mostrado resultados positivos.

    Nesse artigo falamos um pouco sobre como fazer o consumidor pagar mais através do uso de ferramentas, o que aumenta consideravalmente a margem.

    http://www.uaizo.com/estrategias-precificacao/como-fazer-o-consumidor-pagar-mais-no-seu-e-commerce/

  3. Jailton Ferreira - Presidente da Meloshop.net disse:

    Realmente…Esta prática de oferecer frete grátis é muito complexa, pois somos obrigados a de alguma forma nos mantermos de pé perante as grandes lojas de ecommerce. A Meloshop.net que atua no mercado ecommerce a mais de 7 anos sentiu na pele uma perda de quase 20% em seu faturamento mensal. É um alto preço que pagamos para nos mantermos de pé e não perdermos clientes.

  4. Miro Lima disse:

    Concordo que a falta de planejamento seja um dos principais fatores na queda das margens ecommerces de menor porte, porém entendo que a busca frenética pelo “Melhor Preço” é um ERRO a se seguir. Como seu próprio artigo disse, os produtos são os mesmos, porém vendidos a preços diferentes para ecommerces de diferentes portes. E a culpa é dos fornecedores? Creio que não, pois esta política de “quem compra mais, paga menos” é válida desde o surgimento do escambo.

    Então, qual é o ponto?
    Acredito que não seja válido para os ecommerces de menor porte entrar na linha de fogo dos menores preços. Daria a estes 03 dicas básicas que considero essenciais para o sucesso:

    - Mantenha os preços dentro do mercado de forma sustentável (Você não precisa ser o mais barato, mas também não vai vender produtos 20% acima do mercado, certo! Mas lembre-se, lucro é essencial)

    - Procure se especializar em um nicho ou segmento de mercado específico (Geralmente as grandes redes partem para o atendimento global de uma linha de produtos, e se tornar especialista requer melhor entendimento da variedade de mix possível para se criar uma identidade forte perante um determinado mercado)

    - Agregue valor ao seu negócio através de serviços e boas políticas de relacionamento (Mais uma vez, neste item, você terá a chance de se destacar das comuns campanhas de emailmarketing e do bom e velho “Parabén Fulano, você acaba de ganhar…”. Seja criativo e busque criar vinculos de relacionamento úteis e reais com o seu cliente)

    É isso pessoal! Manter um pequeno ecommerce não é fácil, mas diferenciá-lo dos grandes não é impossível. Sucesso!!!

  5. Everton disse:

    Um outro ponto importante que muitos varejistas não levam em consideração é parcelamento sem juros, muitas lojas fazem 10x sem juros e depois acabam antecipando recebíveis, o que muita vezes gera prejuízo.

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