Jornal cobrará seus leitores por comentários

Os jornais impressos não param de se lamentar por não conseguirem manter suas finanças em ordem, mas o The Sun Chronicle, de Attleboro, Massachusetts (Estados Unidos) parece ter ido longe demais em sua busca por novas fontes de renda. A publicação anunciou que começará a cobrar uma tarifa dos usuários que quiserem comentar as notícias em seu site.

A partir de agora, os leitores, para estarem aptos a postar suas opiniões, terão de preencher um formulário com nome, endereço, telefone e cartão de crédito. Será feita uma única cobrança e o valor é praticamente simbólico: 99 centavos de dólar.

Quando se vê o preço cobrado, percebe-se que o objetivo principal não é financeiro, mas vai que a moda pega? De qualquer forma, o próprio artigo do The Sun que revelou as mudanças explica a real intenção de sua iniciativa. Segundo o autor do texto, Oreste D’Arconte, editor do jornal, as alterações foram necessárias para controlar os comentários, de modo a “eliminar os excessos do passado, o que inclui um flagrante que desrespeitava completamente as diretrizes da empresa, além de acusações graves e denúncias infundadas”.

Embora a nova política possa ser eficaz no sentido de melhorar o nível dos comentários feitos no site do jornal, esta poderá afastar internautas educados que não têm paciência para preencher o formulário ou não se sentem à vontade em informar seu número do cartão de crédito.

“De modo geral, penso ser uma tentativa admirável, mas que irá diminuir também os comentários responsáveis”, disse Dan Kennedy, professor de jornalismo da Universidade Northeastern. “Uma taxa única de 99 centavos não vai impedir ninguém de escrever, mas ser forçado a entregar o número do cartão já é outra história”.

Como já era esperado, a proposta não foi recebida de braços abertos pelos internautas. “Os registros estão em um ritmo bem lento”, admite D’Arconte. “Acho que muitos estão esperando por pensarem que iremos recuar”, completa o editor. Ao ser questionado se a atitude tomada foi muito drástica, não teve dúvidas: “O que é drástico? Eu acho que é a coisa certa a fazer”.

Dan Kennedy, por sua, discorda. “Faria mais sentido integrar o cadastro com o Facebook, já que todo mundo usa o nome real e ainda adiciona uma foto. Alguns órgãos de imprensa, aliás, têm tido bons resultados com essa estratégia, sem contar que também usam a rede social para divulgarem suas notícias a partir da criação de um perfil próprio”.