No Brasil, o futuro do e-commerce está na baixa renda
No Brasil, a penetraçao do comércio eletrônico ainda é maior nas classes A e B. Mas, em números absolutos, 51% dos que fazem compras pela internet pertencem as classes C, D e E. Conversei essa semana com o Renato Meirelles, sócio diretor do instituto Datapopular, e ele me disse que essa proporçao tende a aumentar na medida em que os brasileiros de baixa renda se acostumem com esse novo canal. Ele acredita que, mesmo que nenhum brasileiro de classe C compre um computador com acesso a internet nem adquira um cartao de crédito no próximo ano, ainda assim haveria mais 3 milhoes de web shoppers, apenas no estado de Sao Paulo, no prazo de um ano, em funçao do aumento da familiaridade dessas pessoas com o ecommerce.
Porém, as perspectivas sao de crescimento da base de computadores nos lares brasileiros de classe média e baixa renda. Afinal, eles sao considerados instrumentos essenciais para o desenvolvimento pessoal e profissional pelas camadas populares. Ao mesmo tempo, em nosso país, nada menos que 68% dos cartoes de crédito e 72% dos cartoes de lojas estao nas maos das classes C, D e E. Isso significa que a explosao da internet como canal de compras no Brasil é uma questao de tempo, certo?
Nao necessariamente. O avanço do ecommerce ainda esbarra em alguns obstáculos. A falta de hábito e a incapacidade de assumir riscos ampliam a insegurança que o brasileiro de menor poder aquisitivo sente em relaçao as compras na rede. A pesquisa do Datapopular mostrou que 61% dos internautas de baixa renda costumam conferir os produtos em lojas físicas antes de fechar a transaçao pela internet – na classe A esse percentual cai para 35%. Esses compradores têm medo de errar a compra e ainda nao encontraram varejistas virtuais capazes de oferecer as garantias que eles precisam para se soltar de vez no mundo das compras online.