MegaMamute, uma história de sucesso
Há dois anos e meio, o catarinense César Oliveira, de 58 anos, incluiu um novo hábito em sua rotina à frente da fornecedora de equipamentos de informática Microsens, fundada por ele e por sua mulher, Maria Salete Sens, na cidade paranaense de Londrina. Ele passou a visitar com frequência sites de grandes lojas virtuais, como Americanas. com e Submarino, para examinar, página por página, os pontos fortes e fracos de cada uma – que produtos são vendidos, como estão organizados, como é o atendimento ao cliente. “Precisei entender o que, precisamente, essas lojas fazem para dar certo”, diz ele.
Oliveira buscava inspiração para o MegaMamute, loja virtual que ele lançou em setembro de 2008 para vender produtos de informática e eletroeletrônicos. Ele anda muito animado com os resultados. No ano passado, o MegaMamute faturou 5 milhões de reais – o equivalente a 5% das vendas da Microsens. Até dezembro, as receitas devem quadruplicar. O ritmo de expansão elevou a importância do MegaMamute. “Com quase dois anos de vida, o site em 2010 será 17% do tamanho de uma empresa que levei 25 anos para construir”, diz Oliveira. “O MegaMamute ficou estratégico para o crescimento.”
A expansão inesperada fez Oliveira parar para pensar. Será que o futuro dos negócios ainda está em ser uma fornecedora de equipamentos com um canal de vendas na internet? Ou agora ele é dono de uma loja virtual com um tremendo potencial para vender de tudo um pouco? “Estou procurando essa resposta”, diz ele. O futuro parece muito promissor. No Brasil, as vendas online vêm aumentando à média anual de 30% desde 2008 e devem somar 13,6 bilhões de reais neste ano, segundo a consultoria e-bit.
Um dos fatores que ajudaram o MegaMamute a crescer rapidamente foi Oliveira ter colocado no ar uma loja já com grande diversidade de itens – o que gerou bastante visibilidade em sites comparadores de preços, como o BuscaPé, e em links patrocinados em mecanismos de busca. Para isso, Oliveira aproveitou o volume alto de equipamentos que a Microsens já comprava de fornecedores como Samsung, Philips, Xerox e LG para negociar preços competitivos em relação a outros sites de produtos eletroeletrônicos. “Eu achava que muito do sucesso das grandes lojas virtuais vem da variedade de produtos”, diz Oliveira. “Acredito que isso ajuda muito a trazer o cliente de volta quando ele decide fazer uma segunda compra, além de aumentar a chance de obter boas receitas em relação ao número de pedidos.” Hoje, o MegaMamute vende 2 000 itens, que vão de notebooks, impressoras e celulares a videogames, secadores de cabelos, cafeteiras e aparelhos de GPS. Nos três últimos meses, o valor médio por compra foi 550 reais – 28% mais que no mesmo período do ano passado.
Definir estratégias para aparecer bem na internet foi essencial. Para isso, Oliveira contou com a experiência de sua filha, Cristiane Bastos, de 32 anos, que vive em San Jose, no estado americano da Califórnia, onde estudava administração. “Há dois anos e meio, meu pai me chamou para coordenar o MegaMamute”, diz ela. “Aceitei na hora.” Antes, Cristiane cuidava da loja virtual que fundou para vender, nos Estados Unidos, pedras brasileiras semipreciosas e roupas da grife Rosa Chá.
Cristiane, que comanda o MegaMamute a partir da Califórnia, instruiu os funcionários do marketing a participar de comunidades sobre tecnologia na internet. “Nesses sites, divulgamos acessórios recémlançados nos Estados Unidos”, diz. Ela está sempre atenta às novidades no comércio eletrônico americano. “Há lojas virtuais que só pedem aos clientes para fazer o cadastro depois de concluir a compra, para não chateá-los logo de cara com longos formulários”, diz ela. “Estamos analisando a implantação desse sistema no MegaMamute.” Ela tem aproveitado o fato de morar no Vale do Silício para visitar empresas como Google, onde entendeu melhor o sistema dos links patrocinados, e PayPal, onde tirou dúvidas sobre meios de pagamento.
Oliveira vem passando por uma situação comum a empreendedores que encontram uma chance para deslanchar os negócios com algo que, inicialmente, não parecia ter tanta relevância assim. Foi o caso, por exemplo, dos empreendedores do grupo paranaense Positivo, que transformaram uma operação inicialmente secundária na maior fabricante nacional de computadores, a Positivo Informática, que faturou 2,5 bilhões de reais no ano passado.
Há duas décadas, o grupo, que cresceu como uma rede de ensino e também editava e distribuía livros didáticos, começou a fabricar computadores para equipar suas próprias salas de aula. Para não perder dinheiro com os equipamentos, era preciso ganhar escala, o que significava investir no braço de informática. Logo, a Positivo Informática começou a participar de licitações públicas e chegou a ganhar corpo para concorrer com marcas como Dell e Compaq. O passo seguinte foi levar os computadores para as redes de varejo, como Casas Bahia, Ponto Frio e Magazine Luiza.
Oliveira aproveitou ao máximo as sinergias entre o MegaMamute e a Microsens. Os departamentos de recursos humanos, financeiro e jurídico, por exemplo, são compartilhados. Para a logística, ele usou a capacidade ociosa do maior dos três centros de distribuição da Microsens, em Londrina. Um dos desafios do MegaMamute nos próximos anos é, justamente, não descuidar desse aspecto. “Com o centro de distribuição localizado no sul do país, o site pode perder competitividade nas entregas conforme aumentam os pedidos de longa distância”, diz Alessandro Gil, sócio da Ikeda, especializada em gerenciamento de lojas virtuais, que desenvolveu o site do MegaMamute. “Talvez em algum momento seja preciso repensar essa logística.”

































































