Brasil é o 2º em crescimento do Twitter
Embora o Brasil seja um dos países em que o uso do Twitter mais cresça no mundo, a onda de responder à pergunta “O que você está fazendo?” não é unanimidade entre os jovens. Longe disso. Uma pesquisa do CIEE (Centro de Integração Escola-Empresa) com 3.830 indivíduos na faixa de idade entre os 18 e 26 anos com acesso à internet mostrou que 67,7% deles não acessam o Twitter.
“O Twitter não é uma grande mania entre os jovens. Ao contrário, acho que sempre foi mais adotado, no Brasil, entre jovens adultos, entre 20 e 35 anos”, diz Raquel Recuero, Doutora em Comunicação e Informação e professora da UCPel (Universidade Católica de Pelotas). Para ela, os mais crescidinhos adotaram o site logo de cara, quando foi lançado em 2008, e os adolescentes só entraram depois, no rastro das celebridades.
E tanto uns quanto outros não param de acessar o site. Não é para menos que o Brasil ocupa a segunda posição entre os países em que o Twitter mais cresce. Enquanto a média mundial foi de apenas 7,4%, o número de usuários brasileiros cresceu 20,5% em julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2009, de acordo com a comScore, empresa que audita o mercado digital. O País fica atrás somente da Indonésia. E só na América Latina, o Twitter cresceu 305% no mês, saltando de 3,7 milhões para 15,3 milhões de acessos em um ano.
Mesmo assim, o microblog não consegue bater campeões de audiência, como o Orkut. “Tive acesso a alguns dados do Ibope a respeito da adoção de sites de rede social no Brasil. Em novembro do ano passado, enquanto o Orkut tinha quase 30 milhões de usuários, o Twitter tinha apenas 9 milhões”, garante Raquel.
Fábio Cipriani, gerente da consultoria Delloite para Mídias Sociais, concorda que o Twitter está longe de fazer sequer cócegas no Orkut. Se uma ameaça deve ser considerada, esta é o Facebook.
Sem tempo para twittar
Segundo ele, além de o site nunca ter caído no gosto dos jovens, há outro problema. “Os jovens não tem tanto tempo para o Twitter”, pondera. Cipriani traz à baila dados do CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil), que apontam que 54% das pessoas entre os 16 e 24 anos dispõe de menos de 5 horas na internet por semana. Com tão pouco tempo fica difícil acompanhar a movimentação dos tweets. Soma-se a isso o fato da baixa parcela de usuários que possuem computador em casa, apenas 36%.
Como se não bastasse ter o tempo da lan house contado ou ter de rebolar para não ser pego pelo chefe gazeteando o trabalho, o jovem ainda conta com mais uma barreira. “O inglês é mais um fator complicante que afasta os jovens”, pontua. A página do site não é em português, o que irrita alguns usuários. Evyleen Fontoura, 20 anos, tem 5 seguidores, segue outros 16 e reclama de o site não utilizar o idioma natal. “Eu até entendo um pouco de inglês, mas é um saco ficar traduzindo toda hora”, diz.
Individualismo
Citando Andrew Keen, autor de “O Culto do Amador”, conhecido como o anticristo das redes sociais, Cipriani prega: “O Twitter é a nova era do individualismo”. Mas nem por isso, o site deixa de ter seu charme. “É uma ferramenta muito atraente por você poder falar com o mundo por meio dela”, comenta, lembrando as proporções que uma brincadeira como a da campanha do #calabocagalvão chega a tomar no microblog. O site pode ainda reunir pessoas em torno de um mesmo interesse comum e até servir de escoadouro de informações a respeitos de empresas, conta.
“O Twitter não possui um perfil em que se coloque muita informação e seu foco está mais na interação”, concorda Raquel Recuero. “Ou seja, não é uma ferramenta tão focada em construir uma identidade quanto o Orkut, por exemplo. O Twitter concorre com outras formas de interação, como o Messenger, o Google Talk”, completa.
Categoria: Notícias, Redes Sociais