Gigantes da internet chinesa avançam, mas correm riscos

| 25/03/2010 - 03:46 AM | Comentários (0)

Antes mesmo que o Google começasse a ameaçar fechar o seu serviço de buscas na China, a empresa não estava se adaptando bem ao mercado local. O Google e outras grandes companhias norte-americanas de internet, como o Yahoo e o eBay, não conseguiram se posicionar bem no mercado da China. E Facebook, Twitter e YouTube estão bloqueados pelo governo.

De fato, as empresas mais quentes no maior mercado mundial de internet atendem por nomes como Baidu, Tencent e Alibaba ¿ empresas locais de rápido crescimento e fortes lucros. Depois do Google, o mercado de internet da China se parece a um mercado movimentado e lucrativo, mas operando por trás de uma muralha, disseram especialistas. No entanto, as empresas de sucesso chinesas podem enfrentar problemas para ganhar alcance mundial.

“Se o governo chinês continuar a favorecer as empresas locais, aquelas que atingirem massa crítica podem se tornar imensamente lucrativas”, disse Gary Rieschel, fundador da Qiming Ventures, uma empresa norte-americana de capital para empreendimentos que investe na China. “Mas pode ser difícil para essas empresas conquistar qualidade de nível mundial, sem concorrência externa”.

Ainda assim, o sucesso das companhias de internet chinesas é refletido pelos números. A receita da Tencent, uma espécie de conglomerado de internet, subiu em mais de 70% no ano passado, para cerca de US$ 1,8 bilhão.

A Baidu, que imita o Google, destruiu o rival norte-americano na China, embora tenha perdido algum terreno nos últimos anos. E a Taobao.com, maior site de comércio eletrônico chinês, registrou US$ 30 bilhões em transações no ano passado.

A história do sucesso dessas empresas é simples, dizem alguns analistas. Os jovens que dominam o uso da web na China desejam não apenas informação, e sim todo um estilo de vida. Dedicam-se com paixão a baixar música, jogar online e participar de redes sociais.

“Aqui, 60% dos usuários de Internet têm menos de 30 anos”, disse Richard Ji, analista de internet no Morgan Stanley. “Nos Estados Unidos, é o oposto. E nos Estados Unidos a informação domina, enquanto na China é o entretenimento”.

Os especialistas afirmam que as empresas norte-americanas em geral fracassaram na China porque são lentas, não dispõem de conhecimentos locais e não sabem como lidar com o governo chinês.

“As companhias de internet da China precisam trabalhar bem perto do governo”, disse Xiao Qiang, do Projeto de internet na China mantido pela Universidade da Califórnia em Berkeley. “E isso significa que a agenda política do governo pode se tornar a agenda de negócios da empresa”.

A necessidade de censurar sites pode ser um fardo para companhias menores, diz Xiao. “Isso se torna um custo crescente de negócios. Com isso, as pequenas empresas muitas vezes não se desenvolvem”.

Neste estágio, os analistas afirmam que a web na China envolve menos inovação que adesão rápida à mais recente tendência online.

“Os chineses são rápidos em discernir tendências, imitar e inovar”, disse William Bao Bean, antigo analista de internet e hoje sócio na Softbank China & India Holdings. “Se uma empresa estiver se saindo bem, outras a imitam rapidamente e expandem o sucesso”.

Nenhuma empresa se sai melhor nisso do que a Tencent, sediada em Shenzhen, no sul do país.

A maior arma da companhia é o QQ, um popular serviço de mensagens instantâneas. Os 500 milhões de usuários ativos do serviço oferecem vantagem à empresa na introdução de novos produtos e ofertas, tais como jogos online.

A Tencent foi criada em 1998 por um grupo de amigos que incluía Ma Huateng, também conhecido como “Pony”, hoje o presidente-executivo da empresa, e bilionário aos 38 anos de idade. Com sua companhia avaliada em US$ 37,2 bilhões em termos de capitalização de mercado, Ma só fica em desvantagem diante dos gigantes Google (US$ 173,7 bilhões) e Amazon (US$ 57,2 bilhões).

Mas existem outras potências locais. A Baidu, que domina o mercado chinês de buscas e publicidade vinculada, na China, deve se beneficiar da saída do Google, embora o seu serviço de busca opere sob pesada censura. (O serviço de busca da Microsoft, Bing, também censurado, poderia se beneficiar igualmente).

Os investidores estão claramente apostando no futuro da Baidu. Desde janeiro, quando o Google anunciou inicialmente que poderia sair da China, as ações da Baidu subiram em 50%, elevando em US$ 7 bilhões sua capitalização de mercado.

Outra vantagem para as empresas locais é o protecionismo praticado pelo governo. Porque o Partido Comunista quer manter controle estreito sobre a comunicação e mídia, companhias estrangeiras de internet operam sob suspeita.

Por exemplo, o YouTube está bloqueado na China há mais de um ano, desde que um usuário subiu para o site um vídeo que supostamente demonstrava violações de direitos humanos no Tibet.

O YouTube, controlado pelo Google, tinha grande público na China. Mas agora os vídeos onlines no país são oferecidos por empresas como Youku.com e Tudou.com. Elas poderiam ter conquistado o mercado de outra forma, dizemos analistas, mas a presença de baixo número de concorrentes fortes decerto ajuda.

E na ausência de concorrência por parte do Facebook, que ainda não tentou desenvolver um site para o mercado chinês, o Kaixin.com, um site de redes sociais, conseguiu atrair mais de 70 milhões de usuários. Mas alguns especialistas acreditam que a saída do Google reduzirá as opções dos usuários, tornando o mercado de Internet do país menos competitivo e menos aberto.

“Quem sai perdendo mais são os internautas”, disse Fang Xingdong, presidente-executivo do grupo de pesquisa Chinalabs. “O Google é um serviço de busca poliglota, mas a Baidu só opera em chinês. As informações em chinês respondem por pequena fração do conteúdo na internet.

O Google não gostava da censura, e fica claro que os censores fazem com que certos materiais retornados pelo serviço de buscas Baidu se assemelhem a um boletim de propaganda, com links direcionados ao ¿Diário do Povo¿, o órgão oficial do Partido Comunista

Uma questão vai ser determinar se a saída do Google permitirá que as empresas chinesas se desenvolvam no mesmo ritmo dos líderes mundiais de tecnologia.

“Quando as companhias chinesas saírem da China, descobrirão que não compreendem os concorrentes tão bem quanto em casa”, disse Rieschel.

Pode ser, claro, que as companhias chinesas estejam satisfeitas com o que têm em casa. Com 400 milhões de usu

Categoria: Balanços, Notícias

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