A onda da Gourmetização
Em artigos anteriores, falei sobre a exigência do neoconsumidor e como ele quer ser atendido. Sobre como ele quer ter a mesma experiência independente do canal que se relacione com uma marca. Na verdade, não só eu disse como o mercado só fala nisso nos últimos anos.
Porém, pouquíssimas iniciativas foram vistas. Aqui no Brasil, quase ninguém trabalha dessa forma. Tirando um grande varejista têxtil, uma rede de supermercados e um varejo de produtos de beleza, o que se vê são desejos de ser omni, são iniciativas que não agregam ao consumidor.
Com isso na cabeça, comecei a procurar entender o porquê disso. Estudei, pesquisei, entrevistei gestores. Nesse período percebi que a grande maioria deseja sair da situação onde se encontram e se tornar um case. Ficam pensando em ideias mirabolantes, em soluções tecnológicas, sistemas caros, processos complicados, burocráticos e grandes quantias de dinheiro.
E assim, essas ideias não saem do papel.
Todos querem parecer “descolados”, aparecer na mídia, ser reconhecido por uma mudança radical na forma de vender online. Ou off-line, ou seja lá como for.
Soluções simples, começar devagar, um passo e depois o outro… isso não se vê. (exceto por poucos como citei acima)
Fui pesquisar o que é ser “descolado” nos tempos de hoje e achei um termo que se encaixa perfeitamente no assunto. O Gourmet. Não pelo fato de tornar algo Premium, mas pelo fato de complicar as coisas simples.
O termo gourmet, era usado com cuidado, para definir a arte da boa comida e bebida. Designava os verdadeiros conhecedores e apreciadores de vinho e da gastronomia, que prezavam pela qualidade e autenticidade do que degustavam.
Hoje tudo é gourmet. Até o brigadeiro (leite condensado + chocolate em pó + granulado), hoje é gourmet. Castanhas, frutas secas, paçocas… tudo isso é adicionado para que o simples brigadeiro se torne uma iguaria gastronômica.
Não acho isso ruim! Até porque, os números das vendas desses produtos, mostra que é muito bom!
Cheguei à conclusão que gourmetizaram o conceito OMNI, mas ninguém sabe qual ingrediente vai ser mais atrativo.
Não fazem o básico, pois o básico está fora de moda.
Vamos devagar. Dá para montar uma receita aqui, começando com os ingredientes básicos primeiro:
O Leite condensado: 1 canal
O chocolate em pó: 2 canais
O granulado: quem sabe 3 canais (até porque geralmente o brigadeiro acaba antes de sair da tigela)
Modo de preparo:
1 – Primeiro você tem que ter um canal de vendas.
Esse canal (assim como o leite condensado dentro da validade), deve atender bem, respeitar o consumidor, ser competitivo e se relacionar com transparência
2 – Depois, você deve ter o segundo canal.
Esse canal deve conseguir atender e impactar o consumidor da mesma forma que o primeiro, porém com mais conveniência.
3 – Aí você adiciona o terceiro canal, que pode ser um aplicativo móbile, um totem ou um shoppable wall.
Pronto! Temos mais de um canal de vendas!
O que precisamos fazer agora é integrar os canais.
Para integrar os canais, não dá pra jogar a castanha, a paçoca, as frutas secas tudo de uma vez.
Precisamos trabalhar em uma iniciativa de cada vez e ver se fica bom. Se dá certo.
Como por exemplo, integrar a base de clientes. Sem isso nenhum dos demais ingredientes fará sentido na nova receita.
Depois trabalharemos no segundo ingrediente.
Funcionou bem? Vamos para o terceiro, o quarto, o quinto…
Não estou aqui para passar receita de doce e nem muito menos de como fazer a integração de canais, mas apenas para dizer que não se tornar OMNI pelo fato de não ser simples é inadmissível.
O consumidor quer facilidade, ele quer praticidade e quer simplicidade, mas também quer ser Premium.
Então, sejamos simples no modo de agir e Gourmet na forma de se relacionar.
Categoria: Cases
Parabéns pelo artigo Luiz Felipe.
É tão óbvio o que o consumidor quer não é mesmo? Mensagem dirigida, ser conhecido, ser bem atendido para que ele “volte sempre”.
Em muitos casos, menos é mais ou seguindo a onda da gourmetização: é muito chantilly pra pouco morango.
Abs,
Analuiza Castro
http://onestart.com.br
Belo conteúdo Luiz Felipe! Concordo com o seu posicionamento sobre simplicidade, sempre fui a favor do simples. Como uma vez citou Einstein:
Tudo deveria se tornar o mais simples possível, mas não simplificado.
http://leadloversmachine.net.br